Yves Michaud: "Vivemos numa atmosfera de hedonismo misturado com egoísmo sentimental
Yves Michaud, entrevistado por Cédric Enjalbert publicado a 14 de Outubro de 2021
-------------
Quase vinte anos separam L'Art à l'état gazeux (Stock, 2003) da sequela que acabou de publicar, L'Art c'est bien fini (Gallimard, 2021). Porque esperou tanto tempo?
Yves Michaud: Os acontecimentos políticos levaram-me, entretanto, a escrever duas obras de filosofia política: Contre la bienveillance (2016, Stock) e Citoyenneté et Loyauté (2017, Kero). Acima de tudo, sempre concebi este projecto sobre o triunfo da estética em dois volumes e quis evitar duas armadilhas. Em primeiro lugar, não quis fazer um livro que se centrasse apenas na descrição da estetização do mundo, porque há muitas obras boas sobre este assunto, desde as de Jean Baudrillard até às de Gilles Lipovetsky. Estava portanto interessado nos mecanismos de estetização de um ponto de vista teórico e reflexivo e não numa descrição completa dos espaços estetizados. Depois, a filosofia dos ambientes começa a ser bem estudada em França, na Alemanha, em Itália (...)
Já lançou as bases para este estudo da hiper-estética em 2003, mostrando como a experiência da arte tinha sido vaporizada e espalhada por todo o lado. A situação tem piorado desde então?
É difícil dizer como se tornou mau para um estado gasoso... Mas certamente, a arte que vemos nos museus de arte contemporânea, colecções, fundações, e o que eu chamo as Zonas Estéticas Protegidas (ZEP), já não responde a nada de estético. Alguns falam de desestatização ou desarticulação. Esta arte já não faz nada por nós esteticamente. Na melhor das hipóteses, diz-se que é "interessante". Na arte, a beleza já não é o problema, mas fora do mundo da arte, a procura da beleza está em todo o lado.
É disso que se trata a hiper-estética - a vaporização da arte em todo o mundo, ao ponto de desaparecer a própria ideia da mesma, tornando-a insignificante?
O que eu chamo de hiper-estética está de facto do lado da estética, da cosmética e plasticidade das aparências, do polimento da existência, dos parques de lazer, hotéis, restaurantes e mesmo cidades. Nos restaurantes, por exemplo, o que conta não é o que está no prato, mas o desenho do molho. Esta generalização - hiper - estetização actua em troca da apreensão da realidade, que se torna uma realidade estética e tem precedência sobre o real.
Podemos definir a noção de atmosfera?
O problema com as atmosferas é que são imersivas. São quase-objectos, meias coisas. Com eles, já não podemos raciocinar em termos de assunto e objecto, o que torna o nosso equipamento mental e linguístico totalmente inadequado para falar sobre eles. As atmosferas são mais difíceis de analisar em termos objectivos do que um estado de espírito. Assim que as tentamos definir, as categorias começam a proliferar como cogumelos, de modo a que o objectivo analítico se pulverize a si próprio. As nuances e sub-conceitos tornam-se de tal forma semelhantes a árvores e super-criados que se tornam ineficazes. Isto faz-me lembrar o filósofo e lógico Alfred North Whitehead, fundador de uma corrente chamada filosofia do processo: ele queria descrever a realidade da mudança para os seres, fazer uma ontologia do devir, mas expressou-se num jargão impossível porque as nossas línguas não estão de todo adaptadas para dar conta destes estados em mudança.
Na sua amplitude, o conceito de atmosfera engloba não só questões estéticas mas também éticas e políticas.
A mudança para a primazia das atmosferas e humores implica uma reconsideração de uma série de lugares comuns no nosso pensamento subjectivo. Considerar a denúncia comum do individualismo do mundo contemporâneo. Mas há menos indivíduos do que nunca! Cada um é, pelo contrário, um pequeno pólo de experiências escravizado às suas redes, emoções e ligações. Gostaria de continuar a escrever uma breve política de ambientes, se o tempo o permitir, que nos levaria de volta a todas as reflexões do final do século XIX sobre multidões, imitações e rumores. É interessante ver que todas as teorias de empatia no final do século XIX são teorias de atmosfera, sentimentalismo e irracionalidade. Os sociologismos da época eram totalmente anti-individualistas. Ainda hoje, é tudo uma questão de atmosfera. Seja a moral dos franceses e dos líderes empresariais, ou a crise dos Coletes Amarelos, não é apenas uma questão de emoções na política - porque a emoção ainda está ligada a um sujeito autónomo e racional - trata-se de atmosferas que colorem as pessoas. Como indivíduos, vivemos experiências atmosféricas e estamos no 'entre', em relações tingidas por tons afectivos. Isto tem implicações não só para a teoria da arte mas para todas as áreas da vida, desde a economia à política, interacções sociais, comunidades e religião.
A noção de decisão ou escolha política ainda faz sentido se tudo for sobre atmosfera?
Creio que a chamada crise da democracia tem muito a ver com a deterioração da atmosfera. Temos de abordar a política de forma diferente, já não do modo como o Iluminismo o fez, já não do ponto de vista da reflexão e do compromisso, mas do ponto de vista da passividade, da submissão aos efeitos colectivos. Pois é a atmosfera e não a livre vontade dos cidadãos que faz o contrato social. A "vontade geral" de que Rousseau fala não tem sequer de ser construída. O fenómeno da abstenção mostra que as pessoas já não acreditam na acção política, no peso do seu voto. Refugiam-se nas suas sensibilidades e ficam indignados quando ocorre uma notícia. Mas de certa forma, eles não se importam. Deste ponto de vista, é um pouco como na arte contemporânea.
Pode descrever uma atmosfera, dar-lhe um adjectivo?
Como digo no livro, hoje vivemos num hedonismo sob o princípio da precaução. A atmosfera é hedonista, relativista, baseada na busca de prazeres que evitam pensar, numa exigência de satisfação a muito curto prazo. Descreveria a nossa atmosfera como hedonismo misturado com egoísmo sentimental.
Já o assinalou em 2016 no seu livro Contre la bienveillance...
Sim, os livros seguem uns aos outros logicamente. La Crise de l'art contemporain em 1997 foi uma descrição da crise francesa; depois abordei a questão da estetização, através da do prazer em Ibiza mon amour (2012, Nil Éditions) e a das experiências em Le Nouveau Luxe (Stock, 2013). Contra a benevolência, então. Este novo livro recapitula estes desenvolvimentos, e é também por isso que levei tanto tempo a escrevê-lo.
A nossa mente dualista está mal equipada para compreender as atmosferas?
Vivemos num mundo de atmosferas, sobre o qual a filosofia depois de Descartes é incapaz de pensar. Estava a ler um artigo sobre ética contextual, no qual o filósofo utilizava o exemplo típico da sua poltrona vermelha, uma vez que Merleau-Ponty falava do seu maço de cigarros. Toda uma série de emoções e memórias está presa a esta poltrona vermelha, como uma madeleine de Proust, que só pode ser descrita na literatura. A atmosfera é aquele "algo" que agora sabemos como produzir e manipular.
Quase vinte anos separam L'Art à l'état gazeux (Stock, 2003) da sequela que acabou de publicar, L'Art c'est bien fini (Gallimard, 2021). Porque esperou tanto tempo?
Yves Michaud: Os acontecimentos políticos levaram-me, entretanto, a escrever duas obras de filosofia política: Contre la bienveillance (2016, Stock) e Citoyenneté et Loyauté (2017, Kero). Acima de tudo, sempre concebi este projecto sobre o triunfo da estética em dois volumes e quis evitar duas armadilhas. Em primeiro lugar, não quis fazer um livro que se centrasse apenas na descrição da estetização do mundo, porque há muitas obras boas sobre este assunto, desde as de Jean Baudrillard até às de Gilles Lipovetsky. Estava portanto interessado nos mecanismos de estetização de um ponto de vista teórico e reflexivo e não numa descrição completa dos espaços estetizados. Depois, a filosofia dos ambientes começa a ser bem estudada em França, na Alemanha, em Itália (...)
Já lançou as bases para este estudo da hiper-estética em 2003, mostrando como a experiência da arte tinha sido vaporizada e espalhada por todo o lado. A situação tem piorado desde então?
É difícil dizer como se tornou mau para um estado gasoso... Mas certamente, a arte que vemos nos museus de arte contemporânea, colecções, fundações, e o que eu chamo as Zonas Estéticas Protegidas (ZEP), já não responde a nada de estético. Alguns falam de desestatização ou desarticulação. Esta arte já não faz nada por nós esteticamente. Na melhor das hipóteses, diz-se que é "interessante". Na arte, a beleza já não é o problema, mas fora do mundo da arte, a procura da beleza está em todo o lado.
É disso que se trata a hiper-estética - a vaporização da arte em todo o mundo, ao ponto de desaparecer a própria ideia da mesma, tornando-a insignificante?
O que eu chamo de hiper-estética está de facto do lado da estética, da cosmética e plasticidade das aparências, do polimento da existência, dos parques de lazer, hotéis, restaurantes e mesmo cidades. Nos restaurantes, por exemplo, o que conta não é o que está no prato, mas o desenho do molho. Esta generalização - hiper - estetização actua em troca da apreensão da realidade, que se torna uma realidade estética e tem precedência sobre o real.
Podemos definir a noção de atmosfera?
O problema com as atmosferas é que são imersivas. São quase-objectos, meias coisas. Com eles, já não podemos raciocinar em termos de assunto e objecto, o que torna o nosso equipamento mental e linguístico totalmente inadequado para falar sobre eles. As atmosferas são mais difíceis de analisar em termos objectivos do que um estado de espírito. Assim que as tentamos definir, as categorias começam a proliferar como cogumelos, de modo a que o objectivo analítico se pulverize a si próprio. As nuances e sub-conceitos tornam-se de tal forma semelhantes a árvores e super-criados que se tornam ineficazes. Isto faz-me lembrar o filósofo e lógico Alfred North Whitehead, fundador de uma corrente chamada filosofia do processo: ele queria descrever a realidade da mudança para os seres, fazer uma ontologia do devir, mas expressou-se num jargão impossível porque as nossas línguas não estão de todo adaptadas para dar conta destes estados em mudança.
Na sua amplitude, o conceito de atmosfera engloba não só questões estéticas mas também éticas e políticas.
A mudança para a primazia das atmosferas e humores implica uma reconsideração de uma série de lugares comuns no nosso pensamento subjectivo. Considerar a denúncia comum do individualismo do mundo contemporâneo. Mas há menos indivíduos do que nunca! Cada um é, pelo contrário, um pequeno pólo de experiências escravizado às suas redes, emoções e ligações. Gostaria de continuar a escrever uma breve política de ambientes, se o tempo o permitir, que nos levaria de volta a todas as reflexões do final do século XIX sobre multidões, imitações e rumores. É interessante ver que todas as teorias de empatia no final do século XIX são teorias de atmosfera, sentimentalismo e irracionalidade. Os sociologismos da época eram totalmente anti-individualistas. Ainda hoje, é tudo uma questão de atmosfera. Seja a moral dos franceses e dos líderes empresariais, ou a crise dos Coletes Amarelos, não é apenas uma questão de emoções na política - porque a emoção ainda está ligada a um sujeito autónomo e racional - trata-se de atmosferas que colorem as pessoas. Como indivíduos, vivemos experiências atmosféricas e estamos no 'entre', em relações tingidas por tons afectivos. Isto tem implicações não só para a teoria da arte mas para todas as áreas da vida, desde a economia à política, interacções sociais, comunidades e religião.
A noção de decisão ou escolha política ainda faz sentido se tudo for sobre atmosfera?
Creio que a chamada crise da democracia tem muito a ver com a deterioração da atmosfera. Temos de abordar a política de forma diferente, já não do modo como o Iluminismo o fez, já não do ponto de vista da reflexão e do compromisso, mas do ponto de vista da passividade, da submissão aos efeitos colectivos. Pois é a atmosfera e não a livre vontade dos cidadãos que faz o contrato social. A "vontade geral" de que Rousseau fala não tem sequer de ser construída. O fenómeno da abstenção mostra que as pessoas já não acreditam na acção política, no peso do seu voto. Refugiam-se nas suas sensibilidades e ficam indignados quando ocorre uma notícia. Mas de certa forma, eles não se importam. Deste ponto de vista, é um pouco como na arte contemporânea.
Pode descrever uma atmosfera, dar-lhe um adjectivo?
Como digo no livro, hoje vivemos num hedonismo sob o princípio da precaução. A atmosfera é hedonista, relativista, baseada na busca de prazeres que evitam pensar, numa exigência de satisfação a muito curto prazo. Descreveria a nossa atmosfera como hedonismo misturado com egoísmo sentimental.
Já o assinalou em 2016 no seu livro Contre la bienveillance...
Sim, os livros seguem uns aos outros logicamente. La Crise de l'art contemporain em 1997 foi uma descrição da crise francesa; depois abordei a questão da estetização, através da do prazer em Ibiza mon amour (2012, Nil Éditions) e a das experiências em Le Nouveau Luxe (Stock, 2013). Contra a benevolência, então. Este novo livro recapitula estes desenvolvimentos, e é também por isso que levei tanto tempo a escrevê-lo.
A nossa mente dualista está mal equipada para compreender as atmosferas?
Vivemos num mundo de atmosferas, sobre o qual a filosofia depois de Descartes é incapaz de pensar. Estava a ler um artigo sobre ética contextual, no qual o filósofo utilizava o exemplo típico da sua poltrona vermelha, uma vez que Merleau-Ponty falava do seu maço de cigarros. Toda uma série de emoções e memórias está presa a esta poltrona vermelha, como uma madeleine de Proust, que só pode ser descrita na literatura. A atmosfera é aquele "algo" que agora sabemos como produzir e manipular.
As grandes mudanças na representação estão, antes de mais, ligadas a desenvolvimentos técnicos. Se tomarmos o exemplo do século XVIII, o nascimento do sentimentalismo romântico tem muito a ver com o progresso do conforto. Nessa altura, as horas de trabalho estavam a diminuir e as pessoas começaram a ter tempo para o lazer. Já não era apenas uma questão de ir à igreja, mas de pensar, sentir e olhar. Para nós, 2005 parece-me ser uma data crucial, com o aparecimento do Facebook, YouTube - e YouPorn... A revolução digital mudou a nossa relação para a realidade, para a atenção e para a memória. A revolução digital mudou a nossa relação com a realidade, a atenção e a memória. E as indústrias capitalistas estão a beneficiar disto, mas não causaram esta mudança. A prova é que os Gafa são sociedades sem acumulação de capital primitivo: quando tais tecnologias são lançadas, as pessoas aderem imediatamente. Gafa é auto-financiada. Steve Jobs e Mark Zuckerberg não tiveram de angariar grandes quantias de dinheiro.
Porque queremos e não podemos passar sem eles?
É claro! O capitalismo não é o culpado, somos nós que temos prazer nesta estetização e pedimos mais. De um ponto de vista prospectivo, podemos imaginar que uma grande crise poderia inverter a situação e os valores: alterações climáticas, uma enorme epidemia, avarias gigantescas... Não seria a primeira vez. Isto já aconteceu no século XIX. Foram necessários três dias para chegar a Orleães. Depois veio o caminho-de-ferro, e agora leva três horas. Tudo muda, incluindo as experiências.
Se ouço bem, é estética em todo o lado e arte em lado nenhum. O que resta para o amante de arte esclarecido que é?
Eu faço uma distinção entre arte e o que se chama arte contemporânea. Ainda existem desejos e práticas de arte amadora, primitiva, outra e não comercial. Depois há a arte contemporânea, nas "Zonas Estéticas Protegidas" de colecções e museus, onde se aplicam três critérios de selecção: quanto vale, quantas pessoas vêm, e quão moralmente correcta é. A questão não é apenas estética, o mal é muito mais profundo.
De que mal está a falar? Uma forma de anestesia crítica?
Sim, é raro em museus ou centros de arte que se sinta tocado. Os artistas que costumavam tocar-vos perdem a sua subversão quando entram no negócio da arte contemporânea. Estou a pensar numa artista de que gosto, Anita Molinero, que estava a fazer arte recuperada realmente comovente. Emprestei-lhe recentemente uma das suas peças mais antigas. Agora que ela é reconhecida, bem, é grande, é bonita, é estética - mas é muito menos comovente do que quando ela recolhia colchões velhos da rua para fazer esculturas. O mesmo se aplica a David Hammons, agora na colecção Pinault, ou Jeff Koons, que até finais dos anos 80 representava um movimento pop menor, tipicamente americano, antes de se tornar um homem de negócios. Mas a questão importante é: se as pessoas agora vêem tudo através da estética, se todos os seus julgamentos são sensíveis e relativos - os gostos e as cores não estão em discussão - o que resta do assunto crítico?
Em primeiro lugar, a hipótese de desastre climático ainda é importante a médio prazo. A vida nem sempre será tão fácil e irá, sem dúvida, convidar-nos a rever os nossos valores, incluindo os estéticos. Depois, os jovens artistas recomeçam a fazer exposições colectivas, como fizeram nos anos 70, com uma certa vitalidade. Finalmente, pode simplesmente acontecer que estejamos fartos destas vistoso excesso de solicitações. No entanto, enquanto a financeirização se mantiver, a arte contemporânea manter-se-á como um investimento. Hoje em dia, quando se investiu em todo o lado, compra-se arte.
E quanto ao ambiente nas cidades?
A americanização, a "perda-angelesização" das cidades é espantosa, com a expansão dos centros comerciais, subúrbios, num caos arquitectónico e visual completo. No entanto, as pessoas aturam-no porque encontram sempre um terraço de café onde se está bem. Na confusão visual de um aeroporto, por exemplo, chega-se ao bistrô Luís XV de uma loja Ladurée e de repente descobre-se o mundo transformado, acalmado e radiante. O horror urbano é sustentável porque as pessoas encontrarão sempre pequenos lugares para fugir e esquecer o caos e quase nunca têm o panorama geral.
Mas não estamos a ver uma procura de ordem no espaço político?
Sim, porque o espaço político é uma confusão. Na verdade, não estou a falar de manifestações, incivilidades, agressões, mas sim da proliferação legal no Estado de direito. Toda a vida é enquadrada por uma lei cada vez mais absurda, que faz uma confusão das nossas vidas que estão sujeitas a tantas regras. Um caos tornado normal. O verdadeiro caos hoje em dia é o da lei, e isto mina as nossas sociedades. Lamento que o livro de Natalino Irti, Le Nihilisme juridique (2004, Dalloz, 2017, para a tradução francesa) não tenha tido eco - mas talvez as avestruzes prefiram enfiar a cabeça na areia...
"L'Art, c'est bien fini", de Yves Michaud, acaba de ser publicado por Éditions Gallimard. 336 p., 22 euros em formato físico, 15,99 euros em versão digital, disponível aqui.
No comments:
Post a Comment