October 28, 2021

A crise é política

 


Estou aqui a ver uma mesa-redonda na TV, acerca do chumbo do OE e das suas consequências. Agora está Álvaro Beleza a falar. Um discurso vazio de ideias. Já está em campanha.

Enfim, o grande responsável pelo chumbo é António Costa. Quem é que vai a eleições depois de uma legislatura cujos últimos dois anos estão cheios de 'casos' graves com ministros, cujos factos evidenciam uma responsabilidade na decadência dos serviços públicos -a saúde sem médicos, as escolas sem professores, os tribunais instrumentalizados- e mantém os mesmos ministros desgastados e inúteis que só podem continuar as mesmas políticas porque não sabem fazer diferente? Nem sequer aprendem com a experiência. Há ministros que só têm servido para falar em conferências de imprensa: a Vieira que não tem utilidade, o Brandão que faz zero ao ponto de desaparecer de vez em quando (não fala com os representantes dos professores), a Leitão que só produz burocracia, a Temido que fala, fala, mas também não faz nada a não ser hostilizar médicos e enfermeiros, o Galamba que é uma pessoa sem ética, o ministro do ambiente, a do mar... O Cabrita... que é uma afronta de imoralidade. No entanto, trouxe-os de uma legislatura para a outra. Como pode fazer tal erro? Tem 70 pessoas entre ministros e secretários de Estado e vemos que a maioria são postos para amigos. Gente que faz nada. Nada. foi para a segunda legislatura com o país mais desigual, a romper-se na educação e na saúde. Já não nos lembramos mas a Temido chamava bestas aos enfermeiros e hostilizava os médicos. Era essa a sua política. Não tinha nenhuma política, não resolvia nada, só chamava nomes. Na educação nem havia, como não há ministro e quem manda no circo é o SE que tem como fito o controlo de tudo e todos e a imposição cega das suas más políticas. 

Tem sido uma navegação à vista. Imitando Descartes podíamos dizer que as cidades construídas sem plano, ao sabor das circunstâncias, a certa altura tornam-se difíceis de desenvolver e habitar: é só becos sem saída, ruas demasiado apertadas, sem espaços comuns de convivência, casas sem arejamento, sem distância, mal direccionadas, etc.

Costa tem dificuldade em ir buscar pessoas de mérito e encosta-se a amigos e filhos de amigos, cônjuges de amigos e o preço disso é a incúria e a incompetência. Falta de ideias, de projectos, de conhecimentos, de visão. Acabam na arrogância impositiva dos medíocres. Há duas semanas mandou os ministros falar em humildade. Pareceu um teatrinho.

Centeno também tem responsabilidade nisto porque governou a cortar, a cortar, a cortar. E a subir impostos. Zero investimento.

O PSD também tem responsabilidade nisto de não ser alternativa credível, porque não se organiza e deixou-se resvalar para a inconsequência. Amuaram com a cena da geringonça. O CDS está órfão.

Está uma Catarina Castro a falar e a dizer que não podíamos ter agora esta crise porque os mercados não gostam e podem castigar-nos. Epá, mas o que tem de ser tem muita força e não se pode viver manietado com medo dos mercados. 

Queremos ter melhores políticos que façam melhores políticas. António Costa é um político de mérito mas aqueles de quem se rodeia, salvo poucas excepções não o são. E é por isso que estamos aqui.

O país está de tal modo carente de pessoas competentes que produzam resultados que bate palmas a um homem que organizou um processo de vacinação como se fosse um herói. É porque há muito tempo que não víamos um trabalho bem feito. Com competência, rapidez e seriedade. 

Cavaco Silva fez bem, no seu tempo, em pedir um acordo escrito à geringonça. Este presidente não o fez e todos os anos era isto de pôr o OE a leilão e ver quem dá mais. Isto tinha que estourar. Funcionou nos primeiros anos porque havia muito entusiasmo pela geringonça, mas quando o entusiasmo se vai tem que haver interesses comuns, políticas e políticos sérios e vontade de entendimento.

Esta crise é uma crise de ideias política e é uma crise de políticos. Têm os políticos que aproveitar esta crise para mudar o que está mal e apresentar um governo com um plano e com pessoas capazes. Elas existem, como se viu na vacinação, só que os partidos tendem a afastá-las para dar tachos a boys. E isso é que não pode ser. Sermos governados por begonhos.

A crise tem que ver com o PRR mas não por todos o quererem para as clientelas -embora isso seja verdade. É por se ver que não há um plano para usar esse dinheiro todo a favor do desenvolvimento do país.

Pela parte que me toca mais de perto, a da tutela da educação, este governo foi um descalabro. Não corrigiu os vícios que vinham de trás e pôr lá pessoas que criaram novos vícios.

No que respeita à minha pessoa em particular, este governo só me trouxe prejuízos. Faço o meu trabalho e faço-o com brio, cumpro, pago os meus impostos, dou o corpo ao manifesto na minha escola, sempre que vejo abusos e injustiças, com grandes sacrifícios pessoais e estou travada na carreira. Os prevaricadores a passarem todos à frente, já chegaram ao topo. Não estou em quotas e não me actualizam, não sei porquê. Sei que é ilegal. Tenho cada vez mais despesas de saúde e estou nesta situação. Isto só é possível porque o ME é governado por pessoas que não têm respeito nenhum pela lei e pelos valores democráticos. Como tal, induzem o clientelismo, os favores, o sicofantismo e a mediocridade. Portanto, até do ponto de vista pessoal este governo tem sido um prejuízo. De modo que estou satisfeita que tenham posto um ponto final nisto.


No comments:

Post a Comment