September 14, 2021

Uma palavra - empatia

 


Termo proveniente do grego antigo, ἐμπάθεια empatheia grega "paixão, estado de emoção", de forma assimilada de ἐν (em) e πάθος (pathos) "sentir", da raíz proto-indo-europeia, "sofrer"). Hermann Lotze e Robert Vischer adaptaram o termo para cunhar, Einfühlung (de ein "em" + Fühlung "sentir") em 1858.

(Em grego moderno, εμπάθεια pode significar, dependendo do contexto, «preconceito», «malevolência», «malícia» ou «ódio».)

O termo foi incluído na teoria de apreciação da arte que mantém que a apreciação da arte depende da capacidade do espectador projectar a sua personalidade no objecto visto. 

"Não só vejo gravidade e modéstia, orgulho, cortesia e aptidão, mas sinto-os nos músculos da minha mente. Este é, suponho, um simples caso de empatia, se pudermos cunhar esse termo como uma interpretação de Einfühlung. [Edward Bradford Titchener, "Lectures on the Experimental Psychology of the Thought Processes," 1909]

"... não há dúvida que os factos são novos e que justificam o seu nome: a obra de arte é uma questão de empatia (Titchener, Ward), de "sentimento de companheirismo" (Mitchell), de "simpatia interior" (Groos), de "projecção simpática" (Urban), de "semblante de personalidade" (Baldwin), todos os termos sugeridos por diferentes escritores como sendo versões do alemão Einfühlung. ["The American Yearbook", 1911].

Fui procurar o termo, «empatia» nos meus dicionários, a começar pelos mais antigos. Não consta do de Roquete, de 1848, nem do de Brunswick, de 1899, nem no de Candido de Figueiredo de 1926 (en passant - outro dia um alfarrabista, em Lx, tirou-me 30€ no preço de um livro porque a meio da conversa eu referi este dicionário e ele olhou para mim como uma espécie de animal em vias de extinção e comoveu-se hihihi). 

Enfim, já o encontro no Dicionário da Porto Editora de 1977. O termo é descrito como uma "espécie de comunhão afectiva que nos permite identificar com outrem".

Porém, a «empatia» não é uma comunhão apenas afectiva. Para além da empatia afectiva existe a cognitiva. A empatia é um conceito amplo que se refere às reacções cognitivas e emocionais de um indivíduo às experiências observadas de outro. Ter empatia aumenta a probabilidade de ajudar os outros e de mostrar compaixão... ajuda a compreender as perspectivas, necessidades, e intenções dos outros.(Greater Good Science Center)

A «compaixão» é um "sentimento de tristeza ou ternura profunda por alguém que está a sofrer ou a experimentar uma desgraça". É um termo de meados do século XIV, compassioun, literalmente "sofrimento com o outro", do francês antigo, compassion, "simpatia, piedade" (séc. XII), do latim tardio, compassionem (nominativo compassio) "simpatia", substantivo de estado do particípio passado de compati "sentir piedade", derivado de com "com, juntos" + pati "sofrer".

Embora possam parecer semelhantes, há uma clara distinção entre «empatia» e «simpatia». Segundo Hodges e Myers na Enciclopédia de Psicologia Social, "A empatia é muitas vezes definida como a compreensão da experiência de outra pessoa, imaginando-se a si próprio na situação dessa outra pessoa: Uma pessoa compreende a experiência da outra como se estivesse a ser vivida por si própria, mas sem o eu experimentá-la, de facto. Mantém-se uma distinção entre o "eu" e o "outro". A simpatia, em contraste, envolve a experiência de ser 'co-movido' por, ou de responder em sintonia com, outra pessoa".

A «simpatia» é um termo de 1570 que significa, "afinidade entre certas coisas" e deriva do francês sympathie e directamente de latim antigo sympatheia "comunidade de sentimentos", por sua vez do grego antigo antigo σῠμπᾰ́θειᾰ (sumpátheia), sentir em comum), de σῠμπᾰθής (sumpathḗs), "afectado por sentimentos semelhantes; exercendo influência mútua, interagindo". 

Na psicologia, a empatia pode ser categorizada como uma resposta emocional ou cognitiva. A empatia emocional tem três componentes distintos (Hodges e Myers). "O primeiro é sentir a mesma emoção que outra pessoa; o segundo, a angústia pessoal, refere-se aos próprios sentimentos de angústia em resposta à percepção da situação de outrem; o terceiro componente emocional refere-se a sentir compaixão por outra pessoa.

É importante notar que os sentimentos de angústia associados à empatia emocional não reflectem necessariamente as emoções da outra pessoa. Hodges e Myers notam que, embora as pessoas empáticas sintam angústia quando alguém cai, não estão na mesma dor física. Existe uma correlação positiva entre sentir preocupação empática e estar disposto a ajudar os outros. 

O segundo tipo de empatia é a empatia cognitiva. Isto refere-se ao quão bem um indivíduo pode perceber e compreender as emoções de outro. A empatia cognitiva, também conhecida como «precisão empática», envolve ter um conhecimento mais completo e preciso sobre o conteúdo da mente de outra pessoa, incluindo como a pessoa se sente (Hodges e Myers). A empatia cognitiva é mais como uma capacidade: os humanos aprendem a reconhecer e compreender o estado emocional dos outros como uma forma de processar emoções e comportamentos.

Como se processa a empatia é assunto sem consenso. Há duas teorias principais. Uma delas defende que é um processo biológico relacionado com os neurónios espelho que são activados em certas situações emocionais e levam as pessoas a simular a experiência emocional alheia em si mesmas - é a Teoria da Simulação; outra, a Teoria da Mente, defende que o ser humano aprende, pela observação de padrões de comportamento, a predizer os estados mentais do outro -o que pensa e sente- baseado no que esse outro deve sentir e pensar em tal e tal situação.

Talvez as duas teorias não sejam mutuamente exclusivas. Talvez haja um pouco de ambos em todos e a maioria das pessoas processe a empatia numa fusão de ambos os sistemas, o emocional e o cognitivo. Depois, talvez alguns, mais emocionais e, quanto mais emocionais, processem a empatia quase exclusivamente espelhando as emoções alheias e representando-as em si mesmos, tornando-se especialistas, por assim dizer, na empatia emocional. Pela mesma ordem de ideias, talvez outros muito mais racionalistas, processem a empatia quase exclusivamente a partir da facilidade em captar e racionalizar padrões de comportamento do sentir/pensar. Digamos que os primeiros entram bem nos sentimentos alheios, os segundos entram bem na mente alheia.

Talvez a maioria tenha um processamento empático difuso mas abrangente aos dois modos de processar a empatia e alguns poucos, nas franjas, tenham um processamento empático muito preciso mas cego, porque todo 'inclinado' para um dos lados, isto é, ou sentem tudo mas não são capazes de perceber os outros e as suas necessidades, intenções e estados mentais ou percebem muito bem os outros e as suas necessidades, intenções e estados mentais mas não sentem as suas emoções. Portanto uns sentem simpatia ou empatia emocional, outros somente empatia cognitiva. A maioria talvez sinta um pouco de cada, conforme as circunstância da sua vivência pessoal.

fontes: 
* wiki

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