September 22, 2021

Criatividade, coerência e realidade

 


Ontem ouvi os três primeiros discursos da sessão da ONU: o de Guterres, o de Bolsanaro e o de Biden.
A Guterres falta-lhe criatividade. Fez um discurso tão pessimista e traçou um quadro tão sombrio como se já não houvesses caminho de retorno para os problemas que enumerou em seis pontos. O único ponto de positividade foi a recomendação de incluir os jovens nas decisões sobre o ambiente. A ONU precisa de gente criativa que para além da enumeração dos problemas sugira caminhos de soluções. Um discurso só negativista, não só não 'co-move' como está em desacordo com o espírito da ONU que tem de ser constante no ânimo, em minha opinião.

Bolsanaro falou como um alucinado que vive num mundo alienado sem noção da realidade.

Biden fez um discurso perfeito. Se não soubéssemos como acabam de sair do Afeganistão e deixar aquilo entregue às feras até acreditávamos que puseram mesmo fim a uma guerra de 20 anos. Disse que não quer um renascimento da guerra fria e que acredita nas boas intenções, na diplomacia... mas isto passa-se uma semana depois de um acordo para potências nucleares vigiarem a China às suas portas. Também disse que quer retomar a amizade com a Europa, mas uma semana depois de espetar uma faca nas costas da França. Foi um discurso à talibã: dizem uma coisa e fazem outra. Falou em os EUA terem um imenso poder bélico, mas só o usarem como último recurso. Então para que falou no poder bélico...? Na diplomacia a coerência é o garante da confiança.

Fiquei desanimada e não ouvi mais discursos. Mudei de canal. Não estou para ouvir hipocrisias.

Do alarme de Guterres à Guerra Fria de Biden com Bolsonaro pelo meio



Secretário-geral alertou para as divisões no mundo e o líder dos EUA poupou críticas abertas à China. Presidente brasileiro traçou imagem idílica do Brasil.

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