les-chefs-detablissement-du-prive-sous-contrat-participent-a-lopacite-dun-systeme?
Durante vários anos, algumas escolas católicas têm sido confiadas a gestores que impõem condições de trabalho insustentáveis aos professores e ao pessoal. A escola já não é vista como um local de ensino, mas como uma empresa privada centrada unicamente na rentabilidade e no ganho financeiro.
Os professores pagos pela reitoria sofrem e encontram-se presos entre as injunções ministeriais e as adaptações dos chefes das escolas públicas sob contrato, que, em nome da sua especificidade, apresentam a liberdade específica à sua missão de impor directivas por vezes em total contradição com as recomendações ministeriais.
RISCOS PSICOSSOCIAIS
Esta situação é ainda mais difícil para os professores, que se apresentam ao reitorado e são pagos pelo Estado, e que se vêem infantilizados nas escolas da empresa onde as aulas são encerradas, as perdas de emprego e a saúde financeira da escola são brandidas como uma espada de Dâmocles.
Mas os professores não são accionistas de uma empresa. Além disso, numa altura em que as condições de trabalho são uma fonte de reflexão e adaptação, em que as pessoas começam timidamente a perceber que o bem-estar no trabalho é uma fonte de produtividade e não o contrário, parece que a educação católica está a ficar para trás. Alguns directores de escolas gerem a sua "empresa" com ameaças e intimidação: desistências arbitrárias de notas, ameaças a horários, recusa de ouvir os representantes do pessoal, a maioria dos quais são professores com experiência na profissão.
Esta gestão "autoritária" é tanto mais grave quanto é exercida sobre pessoas cuja missão é precisamente saber como mostrar autoridade sobre os alunos que lhes são confiados. Infantilizar um professor, censurá-lo arbitrariamente por não saber gerir a sua turma, questionar a sua liberdade pedagógica, ameaçar retirar as suas horas extraordinárias na sequência de qualquer desacordo é semelhante a uma gestão de terror muito mais próxima do que o que os funcionários da Orange experimentaram do que o apelo à benevolência e à caridade cristã decretado nas cartas das referidas escolas.
A situação é alarmante em termos de riscos psicossociais. É verdade que poucos professores nestas escolas entram em greve. Há muitas razões para isso: pressão sobre os delegados auxiliares com contratos precários, medo de sanções por parte do director da escola, culpa induzida por este último e constante martelada em casa: "os clientes/parentes deixarão de colocar os seus filhos connosco se houver greves". Assim, o pessoal sofre, sem dizer nada, e qualquer indício de diálogo social é cortado à nascença.
Alguns directores de escolas apresentaram o seguinte argumento: "fizeram a escolha da educação católica". Como se esta "escolha" fosse equivalente a uma obrigação de servidão. No entanto, para muitos, a escolha de ensinar numa escola sob contrato com o Estado depende frequentemente mais dos perigos da vida do que de um verdadeiro sacerdócio. Além disso, é perfeitamente injusto que os colegas do sistema de ensino público, que têm o mesmo exame competitivo, tenham a liberdade de vir trabalhar no sector privado sob contrato e não o contrário.
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS
Por exemplo, os professores que aderiram à educação católica aos 25 anos de idade não têm direito a ser destacados para o sector público. Este "padrão duplo" é uma forma de discriminação, dado que os professores do sector privado sob contrato já são penalizados em termos da sua pensão, que é calculada com base nos seus melhores 25 anos, ao contrário dos seus homólogos do sector público, que beneficiam de uma pensão calculada com base nos últimos seis meses da sua carreira. O mal-estar pode ser resumido da seguinte forma: os professores estão dependentes do Estado, pagos pelo Estado, e sujeitos a restrições por parte dos directores das escolas que se comportam como se estivessem a gerir uma escola sem contrato, o que não é o caso.
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