Certas imagens são esclarecedoras da situação histórica dos outros. Porque uma coisa é lermos, outra muito diferente é vermos, naquele sentido da realidade bater-nos na cara. Neste caso particular, uma coisa é lermos sobre o poder dos reis absolutistas, outra muito diferente é vermos o seu poder na pedra.
Quando olho esta pintura, vejo uma grande planície com umas casinhas pequenas relativamente próximas e ao longe um castelo que, mesmo nessa enorme distância, aparece imponente.
"View North of Kronborg Castle", c. 1810By Christoffer Wilhelm Eckersberg, Danish painter who lay lay the foundation for the period of art known as the Golden Age of Danish Painting, and is referred to as the 'Father of Danish painting' (1783-1853)
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Foi essa também a impressão que tive, na primeira vez que fui a Mafra, ainda miúda, numa daquelas visitas pedagógicas que a minha mãe e uma espécie de tia faziam connosco. O palácio-convento de Mafra via-se de longe. Passávamos umas casinhas pequenas e dávamos de caras com uma construção que parecia esmagar a vilória. Fez-me lembrar uma ilustração do livro do feijoeiro mágico, quando se vê o feijoeiro de baixo para cima com o gigante a começar a descer. Hoje é um bocadinho diferente mas ainda se tem essa impressão de imponência e poder absoluto.
O excesso de poder e luxo eram de pedra e todos os dias batiam na cara das pessoas. Não admira que tantos gostassem de missas. Entravam na igreja e tudo estava inundado de luz. As paredes cobertas de arte, quadros e azulejos, esculturas, altares de ouro e de prata, os padres vestidos de 'trajes de luces' (sem ofensa) bordados a ouro, veludos, incenso e perfumes, música e canto... avistavam-se os nobres ricamente vestidos... eram as novelas de então... que diferença das suas vidas pequenas, uma espécie de sonho.
imagens da internet
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