(...) a cada quatro dias, acrescentamos um milhão de pessoas ao planeta.
Se esse número não é sustentável, qual é?
Na investigação para o “Countdown”, percebi o quanto a medicina moderna tinha diminuído a mortalidade e o quanto aumentou a longevidade. Antes vivíamos até aos 40 anos, agora vivemos até aos 80. Mas o que mais contribui para a explosão populacional é o facto de sermos capazes de produzir mais alimentos do que alguma vez a Natureza produziu. A quantidade de plantas era limitada pela quantidade de nitrogénio que havia no solo, e havia algumas espécies que fixavam nitrogénio da atmosfera, como o feijão, as lentilhas, a soja e a acácia. Quando nos tornámos capazes de retirar nitrogénio da atmosfera e de aplicá-la quimicamente na terra, tudo mudou.
Num século, quadruplicámo-nos. Em comparação com outras espécies, isso é algo quase sem precedentes no planeta. Eu adoro a Humanidade, a nossa arte, a nossa arquitetura, a nossa música. Sempre que ouço a Sexta Sinfonia de Beethoven ou o rap incrível que temos, percebo que há muita beleza no que criamos. Não são só os pássaros que cantam, nós também cantamos. Tem de haver uma forma de nos mantermos neste planeta, mas temos diante de nós um desafio imenso. Há mais dióxido de carbono na atmosfera do que alguma vez houve em três milhões de anos. Só com a alimentação, estamos a gastar metade dos recursos do planeta e 96% dos mamíferos são seres humanos ou produção nossa para alimentação. É um desastre ecológico. Mais cedo ou mais tarde, a população terá de diminuir. As mulheres que estudam e se licenciam não têm mais do que uma média de dois filhos. Duas pessoas substituem os pais, e a população não cresce. Mas, se tivermos apenas um filho, ou zero, a população diminuirá. Se adotássemos a política de um filho, como a China fez, a população poderia diminuir rapidamente. No final deste século, atingiríamos uma situação de equilíbrio com a Natureza, mesmo que continuássemos a usar combustíveis fósseis. Toda a gente detesta a política de filho único que a China adotou, mas se as pessoas tiverem entre zero e dois filhos, a população diminuirá em três gerações. Não temos tempo. Esta é a década mais importante da história da nossa espécie.
alan-weisman-se-adotassemos-a-politica-de-um-filho-como-a-china-fez-no-final-deste-seculo-atingiriamos-o-equilibrio por Catarina Maldonado Vasconcelos
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