Ranking das escolas: onde irá parar a escola pública?
Samuel Faria
Gestor
A tendência do número de escolas públicas no Top 50 do ranking de escolas tem de fazer pensar. A projeção aponta que em 2022 não haja qualquer escola pública neste Top 50, defende o gestor Samuel Faria
A partir de dados disponibilizados pela Direção Geral da Educação, uma equipa de quatro alunos da pós-graduação em Entreprise Data Science and Analytics, da NOVA IMS, na qual me incluo, desenvolveu uma ferramenta que permite trabalhar os dados referentes aos rankings das escolas, num conjunto assinalável de variáveis.
Gráfico realizado com base nas escolas com mais do que 60 exames/ano
Após 20 anos de rankings, a discussão continua escusadamente centrada em três grandes temas: as diferenças de performance entre a escola pública e privada, o aumento das desigualdades entre as duas e, a utilidade ou inutilidade da publicação dos rankings das escolas.
Em tempos anteriores isto não acontecia porque todos os que eram de classes sociais mais baixas não passavam dos quatro ou seis primeiros anos de estudo, de modo que, nos liceus, os alunos só contactavam com pessoas da mesma classe social. Veio o 25A e a educação democratizou-se, o que foi bom, mas trouxe este aspecto de misturar todas as classes sociais e isso ter levado a um nivelamento, por baixo, da educação, porque a maioria dos alunos eram de classe social mais baixa e a um desinvestimento nos equipamentos educativos, pois o número de escolas fez aumentar brutalmente os encargos.
Portanto, não é por terem melhores professores ou por apresentarem contas que têm melhores resultados, mas por serem escolas ricas em condições e equipamentos e por terem alunos de famílias de classes sociais favorecidas - dito de uma maneira bruta e politicamente incorrecta, os pais não querem os filhos nas escolas que têm alunos de famílias de pessoal das obras, ciganos, pescadores e por aí fora.
Nenhum método de ensino ou pedagogia corrige isto - é preciso corrigir isto? É, claro que é, mas não tem que ver com esta pseudo-autonomia do SE e do ministro, nem com métodos de ensino ou fórmulas mágicas de aprender a aprender e nem tem que ver com o estilo dos professores
E "não existem lugares reservados nas universidades? Que ingenuidade... numa universidade privada os lugares estão reservados a quem tem dinheiro para a pagar e numa pública estão reservados, salvo poucas excepções, aos alunos de certas classes sociais - os outros, nem dinheiro para o passe têm, quanto mais para tirar boas notas ao longo de 12 anos]
Ter como objetivo a diminuição das desigualdades, também não parece ser o melhor caminho para melhorar o ensino em Portugal, pois, esta diminuição deve ser uma consequência da melhoria total do sistema de ensino e não o seu objetivo. Deve-se sim, procurar ativamente a igualdade de oportunidades para todos. As abordagens podem parecer semelhantes mas são opostas: a diminuição das desigualdades costuma conduzir ao nivelamento pelo mínimo enquanto o fomentar da igualdade de oportunidades costuma potenciar o máximo de cada um.
[aqui entramos no domínio da engenharia social, por coincidência, tão ao gosto do grande catequista que mora no ME - " a diminuição das desigualdades é uma consequência da melhoria do ensino", diz este apóstolo. Ou seja, não cabe aos governos melhorar a vida dos cidadãos, melhorar a economia, o trabalho. Cabe aos professores das escolas públicas e se, portanto, a sociedade não fica mais igual, a culpa é dos professores que não melhoraram o ensino. LOL Se isto não fosse trágico era cómico. As negociatas dos governos, os desvios de dinheiro, as contratações de firmas amigas, os roubos da banca (só aqui 25 mil milhões de euros) e tantos outros actos de lesão não interessam para nada no crescimento das desigualdades. O grande problema são os professores e os métodos de ensino, mas ele vai resolver isso tudo com 'autonomia', seja lá isso o que for... isto é patético, mas infelizmente é o discurso oficial dos governantes, à Cabrita... o carro dele é que ia em excesso de velocidade [embora seja um segredo de Estado], mas a culpa de ser atropelado foi da vítima]
Ter como objetivo a diminuição das desigualdades, também não parece ser o melhor caminho para melhorar o ensino em Portugal, pois, esta diminuição deve ser uma consequência da melhoria total do sistema de ensino e não o seu objetivo. Deve-se sim, procurar ativamente a igualdade de oportunidades para todos. As abordagens podem parecer semelhantes mas são opostas: a diminuição das desigualdades costuma conduzir ao nivelamento pelo mínimo enquanto o fomentar da igualdade de oportunidades costuma potenciar o máximo de cada um.
[aqui entramos no domínio da engenharia social, por coincidência, tão ao gosto do grande catequista que mora no ME - " a diminuição das desigualdades é uma consequência da melhoria do ensino", diz este apóstolo. Ou seja, não cabe aos governos melhorar a vida dos cidadãos, melhorar a economia, o trabalho. Cabe aos professores das escolas públicas e se, portanto, a sociedade não fica mais igual, a culpa é dos professores que não melhoraram o ensino. LOL Se isto não fosse trágico era cómico. As negociatas dos governos, os desvios de dinheiro, as contratações de firmas amigas, os roubos da banca (só aqui 25 mil milhões de euros) e tantos outros actos de lesão não interessam para nada no crescimento das desigualdades. O grande problema são os professores e os métodos de ensino, mas ele vai resolver isso tudo com 'autonomia', seja lá isso o que for... isto é patético, mas infelizmente é o discurso oficial dos governantes, à Cabrita... o carro dele é que ia em excesso de velocidade [embora seja um segredo de Estado], mas a culpa de ser atropelado foi da vítima]
A discussão sobre a bondade dos rankings das escolas também é redutora. Na realidade, o que analisamos são resultados de exames, que são usados para ordenar escolas, levando muitos a considerar que o lugar de cada escola no ranking reflete todo o seu valor, e o valor dos seus professores e alunos. Portanto, o modo de utilizar os dados é que pode ser valorizado como bom ou como mau. Os rankings dizem-nos algumas coisas, não nos dizem tudo. São muito incompletos, podem em muitos casos ser injustos, por não refletirem toda a realidade, mas dão-nos informações importantes. Podemos e devemos aprender com eles, aprender a usá-los e melhorá-los de ano para ano. Com eles podemos corrigir erros, antecipar tendências, melhorar estratégias, etc.
Como podemos dar um passo em frente e sair deste círculo vicioso.
Uma primeira grande diferença entre o ensino público e privado está na autonomia. O ensino privado escolhe alunos, método de ensino e principalmente, professores. Graças a isso, pode ter um corpo docente mais estável, que em muito deve contribuir para a sua melhor classificação nos rankings. Outra grande diferença é o facto de a escola privada ter de prestar permanentemente contas aos seus alunos e pais. Tem de os conquistar. Se não prestar um bom ensino, tem uma grande probabilidade de perder alunos ano a ano, começando pelos mais exigentes. Os professores das escolas privadas, têm mais incentivos para melhorar a sua formação e melhorar os seus métodos de ensino, de modo a corresponder ao que a escola e os alunos esperam de si, pois não progridem na carreira exclusivamente por antiguidade. As escolas privadas também têm de garantir uma gestão muito cuidada pois, se derem prejuízo, poderão ser obrigadas a fechar. É interessante notar como, no caso da universidade, a necessidade de atrair alunos e a relativa exigência na contratação e progressão dos professores leva as universidades públicas a terem, em geral, melhores resultados que as privadas.
Como podemos dar um passo em frente e sair deste círculo vicioso.
Uma primeira grande diferença entre o ensino público e privado está na autonomia. O ensino privado escolhe alunos, método de ensino e principalmente, professores. Graças a isso, pode ter um corpo docente mais estável, que em muito deve contribuir para a sua melhor classificação nos rankings. Outra grande diferença é o facto de a escola privada ter de prestar permanentemente contas aos seus alunos e pais. Tem de os conquistar. Se não prestar um bom ensino, tem uma grande probabilidade de perder alunos ano a ano, começando pelos mais exigentes. Os professores das escolas privadas, têm mais incentivos para melhorar a sua formação e melhorar os seus métodos de ensino, de modo a corresponder ao que a escola e os alunos esperam de si, pois não progridem na carreira exclusivamente por antiguidade. As escolas privadas também têm de garantir uma gestão muito cuidada pois, se derem prejuízo, poderão ser obrigadas a fechar. É interessante notar como, no caso da universidade, a necessidade de atrair alunos e a relativa exigência na contratação e progressão dos professores leva as universidades públicas a terem, em geral, melhores resultados que as privadas.
[pois é interessante, mas mais uma vez não soube pensar. Porque a necessidade de atrair alunos todas têm, mas as privadas ainda mais que as públicas, de modo que a resposta é contraditória com tudo o que diz até agora - e quanto aos professores que contratam este indivíduo deve ser o único que não ouviu falar da endogamia nas contratações das universidades...]
Face ao exposto, uma solução, fácil de entender embora laboriosa de implementar, seria dotar cada uma das escolas com aquilo que lhes falta: às escolas públicas, dar-lhes a autonomia que lhes falta e às escolas privadas dar-lhes a possibilidade, que lhes falta, de serem escolhidas pelos diversos alunos independentemente das suas capacidades financeiras.
Face ao exposto, uma solução, fácil de entender embora laboriosa de implementar, seria dotar cada uma das escolas com aquilo que lhes falta: às escolas públicas, dar-lhes a autonomia que lhes falta e às escolas privadas dar-lhes a possibilidade, que lhes falta, de serem escolhidas pelos diversos alunos independentemente das suas capacidades financeiras.
["o ensino privado escolhe os professores"; " a solução é fácil"... onde vão desencantar estas pessoas? E, pior, seria que estes boys de poucos neurónios um dia vão também ser ministros e SEs? Mas que descaramento, um tipo qualquer que faz gestão de dados estatísticos pensar que vem resolver os problemas da educação, ensinar acerca de métodos de ensino, pedagogia... Esta solução «fácil», por coincidência (mais uma), é a grande obsessão do SE: controlar todos os professores. Esta gente é assustadora.]
Quando um dia se falar desta política de educação deste governo, o título será, 'como destruir completamente a escola pública em meia dúzia de anos'.
A minha questão é: o primeiro ministro está já tão indiferente ao rumo do país que já nem quer saber do que andam a estragar em seu nome? Ou está de acordo com tudo?
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