July 13, 2021

Meritocracia - clarificar ideias

 


O facto de os corruptos, os gananciosos de poder e os predadores sociais terem esvaziado o conceito de meritocracia com subornos, nomeações de familiares e amigos, promoção de medíocres, abuso de poder e tráfico de influência, portanto, terem desvirtuado a meritocracia com as suas práticas rapaces não desvaloriza a própria ideia de meritocracia _a ideia segundo a qual devemos promover acima de tudo o mérito-, desvaloriza-os a eles, essas pessoas que em qualquer regime, fosse democracia, fosse ditadura, monarquia, teocracia ou outro, seriam sempre predadores dos seus concidadãos. 

Portanto, a meritocracia é uma ideia de valor  e dizer que a meritocracia não resultou é não ver que ela não foi sequer aplicada e foi sempre sabotada (com raríssimas excepções) pelos que se usam dessa palavra para se pseudo-auto-legitimarem. Por conseguinte, o que temos de fazer é melhorar as leis e as regras da organização social-política para que a meritocracia possa, de facto, ser aplicada e possamos ser governados, nos vários domínios, por pessoas de mérito. Para isso temos que melhorar a justiça e responsabilizar os políticos (e outros decisores) pelas suas escolhas e práticas. A democracia é um organismo vivo que precisa de constante vigilância. 


O termo "mérito" vem do latim "meritum" ou "meritus", que significa “bondade", "serviço" ou "valor” - "ter direito, ser ou tornar-se merecedor, ganhar um direito ou incorrer numa situação de responsabilidade".

Portanto o mérito refere-se a ser digno de recompensa, atenção ou a não ser digno de recompensa, de atenção (o que chamamos demérito) - mas a dignidade está ligada a esta palavra. 

A dignidade não é endossável. Alguém foi digno de governar porque ganhou eleições ou alguém foi digno de ser presidente/gestor/chefe desta vou de outra organização pelo valor do seu trabalho (se foi esse o caso). Essa dignidade não é endossável: nem nas suas outras áreas de vida onde pode ser uma pessoa sem mérito, nem por transferência para outros - ninguém se torna digno de mérito por ser primo, amigo, filho, conhecido, capacho de alguém que teve mérito. E mesmo a pessoa que foi digna de mérito por ganhar umas eleições, por exemplo (se o fez de modo limpo) não está isenta de ser meritória no cargo que exerce. O mérito tanto significa a recompensa como a responsabilidade. Ser «responsável» é ser capaz de «responder» pelos seus actos. Aquilo que o ministro Cabrita não entende - por falta de mérito.

Em suma: a meritocracia é uma boa ideia e não se deitam fora as coisas boas. Pelo contrário. Defendem-se activa e persistentemente.

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