“Noite no Caminho-de-Ferro da Via Láctea” é um complexo tratado sobre a vida. Miyazawa pega nestas duas personagens e nos seus contextos quotidianos para nos falar sobre amizade, perseverança, sobrevivência, diferenças entre classes sociais, mas também sobre o amor
No final de um dia atribulado, dois jovens, Giovanni e Campanella, dão por si a embarcar num estranho comboio a vapor que surge do céu. A viagem que farão mudará para sempre a amizade entre os dois, ajudando-os a perceber que há um universo que ultrapassa o sentido da vida térrea e limitada que vivem. Apelidado “ ‘O Principezinho’ japonês”, o romance clássico de fantasia de Kenji Miyazawa, publicado originalmente em 1934, é traduzido pela primeira vez em Portugal, num livro que inclui também a novela “A Biografia de Gusukô Budori”, em primeira tradução no Ocidente.
“Noite no Caminho-de-Ferro da Via Láctea” é um complexo tratado sobre a vida. Miyazawa pega nestas duas personagens e nos seus contextos quotidianos para nos falar sobre amizade, perseverança, sobrevivência, diferenças entre classes sociais, mas também sobre a capacidade de nos relacionarmos sob esse prisma angular e tão subjectivo a que chamamos amor. Viajamos com eles - e com a sua ingenuidade e pureza - para também nos descobrirmos. Vislumbramos os verdadeiros alicerces da humanidade, as maravilhas da natureza e a capacidade de sonhar que só em nós, seres humanos, existe.
Apesar da linguagem acessível, a escrita é densa, repleta de detalhes científicos, onomatopeias improvisadas, e tecida por uma notável capacidade imagética e sensorial. A preocupação de Miyazawa com a morte é suficiente para desafiar o rótulo de literatura infantil que é associado ao livro. Daí que este seja também para adultos - ou, em resumo, para todos aqueles que se prestem a entrar numa quarta dimensão que nos interroga permanentemente e que afinal evidencia a complexidade de sermos humanos, através de uma poética feita de pulsões de morte, mas também de vida, e que acima de tudo mantém viva a nossa capacidade de sonhar.
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