May 10, 2021

Uma poeta ucraniana que acabo de descobrir



(excerto)

FEVEREIRO 25, 2021, marca o 150º aniversário da poeta modernista no topo do cânone literário ucraniano, Lesya Ukrainka (Larysa Kosach, 1871-1913). Tendo escolhido, aos 13 anos de idade, o pseudónimo "mulher ucraniana", continuou a reinventar o que significava ser simultaneamente ucraniana e mulher, desmantelando os fundamentos patriarcais da literatura ocidental ao longo do caminho. "Estou bem ciente de que isto é impudência", admitiu ela com ironia numa carta a um amigo, entrelaçando a sua ucraniana zombaria-confessional com palavras e citações alemãs do Eugene Onegin de Alexander Pushkin, "no entanto... devo atirar-me ao labirinto de temas globais [...], nos quais os meus compatriotas, excepto duas ou três almas corajosas, não ousam entrar".

Como modernista, ela rompeu com a tradição literária de duas formas significativas. Em primeiro lugar, rejeitou um paradigma provinciano imposto à cultura ucraniana pelo Império Russo. Durante o seu tempo, a única imagem aceitável do povo colonizado era a dos camponeses ignorantes, o que Ukrainka contrariava. Poliglota, falava nove línguas europeias, povoou os seus dramas poéticos com personagens arquetípicas da mitologia clássica, Escritura, lendas medievais e poesia romântica. Misturando o subtexto anticolonial ucraniano e o contexto cultural europeu, Ukrainka também minou os fundamentos machistas de alguns enredos familiares. Escritora do virar do século numa blusa de colarinho desgrenhado, reviu os principais mitos da cultura ocidental do ponto de vista de uma mulher, aventurando-se mais tarde em território literário para ser explorada por feministas da segunda onda.
(...)

subverting-the-canon-of-patriarchy-lesya-ukrainkas-revisionist-mythmaking

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Lesya Ukrainka (translation) Contra spem spero

Thoughts away, you heavy clouds of autumn!
For now springtime comes, agleam with gold!
Shall thus in grief and wailing for ill-fortune
All the tale of my young years be told?

No, I want to smile through tears and weeping.,
Sing my songs where evil holds its sway,
Hopeless, a steadfast hope forever keeping,
I want to live! You thoughts of grief, away!

On poor sad fallow land unused to tilling
I'll sow blossoms, brilliant in hue,
I'll sow blossoms where the frost lies, chilling,
I'll pour bitter tears on them as due.

And those burning tears shall melt, dissolving
All that mighty crust of ice away.
Maybe blossoms will come up, unfolding
Singing springtime too for me, some day.

Up the flinty steep and craggy mountain
A weighty ponderous boulder I shall raise,
And bearing this dread burden, a resounding
Song I'll sing, a song of joyous praise.

In the long dark ever-viewless night-time
Not one instant shall I close my eyes,
I'll seek ever for the star to guide me,
She that reigns bright mistress of dark skies.

Yes, I'll smile, indeed, through tears and weeping
Sing my songs where evil holds its sway,
Hopeless, a steadfast hope forever keeping,
I shall live! You thoughts of grief, away!

(não sei de quem é a tradução)

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