May 08, 2021

Estudos interessantes mas que não oferecem muito para se trabalhar




Há muitas variáveis na questão do sucesso educativo e da vida para que se aponte uma causa como principal ou mais forte que as outras. Por exemplo, neste assunto da idade relacionada com a aceitação dos pares, é verdade que chega a haver um ano de diferença entre os alunos que depende da idade com que entraram na escola, isto é, se nunca chumbarem, pois se chumbam chega a haver 4 anos de diferença. No ano passado tinha uma turma do 10º ano onde dois alunos tinham 18 anos e vários com 17 anos e depois uns 4 ou 5 tinham 14 anos. É uma diferença abissal nestas idades e se por um lado há benefícios nesta interacção de idades tão díspares em termos de desenvolvimento bio-psíquico, por outro há prejuízo, porque acontece os mais novos sentirem-se um bocadinho insignificantes e bloquearem um bocadinho o desenvolvimento positivo da auto-estima, mas as variáveis são muitas. Há o apoio da turma, se são inclusivos com os colegas mais novos, por exemplo, há o apoio, ou não, das famílias. Os professores do CT. O clima de escola, que é muito importante. Um aspecto muito importante é o temperamento dos alunos porque se são pessoas introvertidas, mesmo mais novas, não dependem tanto da aceitação dos colegas, são mais focados, enquanto se são extrovertidos, o distanciamento social da turma é um sofrimento. Há demasiadas variáveis.

Não vejo, na minha experiência, que sejam os alunos mais velhos a ir mais para a universidade e o desenvolvimento não é uniforme. Alunos mais velhos isolados em turmas mais novas infantilizam-se por adaptação.

Os pais e as pessoas em geral gostavam que houvesse uma causa principal condicionante que pudéssemos controlar, influenciar, no sentido de pôr os alunos no caminho do sucesso, mas não há e muito depende do investimento das famílias no apoio aos filhos e dos professores que lidam com as turmas. 

Nestes assuntos a experiência em perceber as dinâmicas das turmas faz muita diferença. Há muito de intuição formada pela experiência: por exemplo, uma pessoa vê o desconforto de um aluno na turma e em primeiro lugar tem de perceber de onde vem e se é grave, porque se é grave e a pessoa está num grande desequilíbrio psíquico, é preciso falar com a pessoa e encaminhá-la para alguém especializado, mas se não é grave mais vale não escavar questões emocionais e tentar focar a pessoa na aprendizagem porque desenterrar emoções e assuntos emocionais é um terramoto que os vira para dentro e os desconcentra completamente, às vezes durante um ano inteiro e compromete o sucesso das aprendizagens e a longo prazo é mais importante que tenham armas para progredir e tornar-se autónomos em termos académicos para que possam ter mais, e não menos, possibilidades de escolha numa vida mais satisfatória. 
No entanto, perceber se os assuntos são graves ou não, e o que é melhor para aquele aluno em particular, não é nada fácil. Não é como se chamássemos um aluno e perguntássemos, 'o que se passa consigo?' e a pessoa desatasse a falar connosco como se fossemos o seu melhor amigo... ... muitas vezes nem eles sabem...
Há quem queira fazer da educação uma ciência de rigor, mas não é.


Pesquisas em Inglaterra, Suécia e Países Baixos mostram como as diferenças de idade podem moldar vidas

A idade relativa relacionada com o corte da escola primária foi fortemente associada à popularidade em Inglaterra, onde os estudantes progridem para a classe seguinte todos os anos, independentemente do desempenho escolar. Entretanto, a idade relativa actual tinha uma ligação mais acentuada à popularidade nos Países Baixos, onde os estudantes repetem um ano se o seu desempenho não passar na escola. A Suécia - que oficialmente tem um sistema de promoção das crianças independentemente dos seus resultados, mas em casos raros retém os alunos - situou-se entre estas duas conclusões, disse o autor principal Danelien van Aalst da Universidade de Groningen.

"Vejo este estudo ... mostrando o efeito surpreendente da idade relativa, e de uma forma mais geral, na forma como forças sociais inesperadas moldam as nossas vidas", acrescentou ele.

Muitos países ocidentais impõem uma idade mínima e uma data limite para a matrícula escolar, o que significa que pode haver uma diferença de até 12 meses entre os alunos de uma turma. As diferenças cognitivas, sociais e físicas entre os colegas mais novos e os mais velhos manifestam-se de múltiplas formas, sugere a investigação.

Por exemplo, estas diferenças podem afectar fortemente os resultados educacionais: as crianças relativamente jovens quando entram na escola não tendem a ir tanto para a universidade como os seus pares mais velhos. Outros estudos têm também associado crianças relativamente mais novas a taxas mais baixas de auto-estima e taxas de mortalidade mais elevadas por suicídio.

Em geral, disse Van Aalst, sentir-se seguro e aceite foi um pré-requisito para se concentrar nas tarefas escolares e ter um bom desempenho na escola.

Em algumas turmas, a hierarquia da popularidade não está necessariamente relacionada com ser apreciado ou ser visto como um amigo. Por vezes, as crianças mais populares podem ser valentões e ter apenas muito poder e são olhadas por essa razão, não porque os seus pares gostem deles. Por isso, é difícil dizer se a popularidade contribui para o desempenho académico ou resultados educacionais".


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