A esta hora já fui ao mercado e voltei. Hoje é dia de aniversário e de companhia amigável. Tudo dentro das regras pandémicas que não quero surpresas desagradáveis.
Ontem pus uma perna de borrego a dormir e hoje hei-de acordá-la e metê-la no quentinho do forno durante umas horas com uma batatinhas novas verdadeiras -não aquela cena que se vende nos supermercados.
Como é que se vê se a batatinha é nova? Raspa-se a casca ao de leve com a unha. Se a pele sair é nova, se não sair... não é.
Entretanto, como voltei a ver laranja moscatel à venda no mercado comprei um quilo e meio e vou fazer licor de laranja. Ainda hei-de vir aqui pôr esse lavor.
Já tenho uma gaveta do congelador só com favas... e hoje a minha taxista disse-me que o pai tem favas da horta dele para mim - isso merece uma reunião de comilões com uma favada à portuguesa 🙂
Licor de laranja moscatel de Setúbal - para 1L
As laranjas moscatel distinguem-se porque são alongadas quase como limões. Têm uma casca fina.
Este licor faz-se com a casca de umas sete ou oito mas como há ali três pequenas vou fazer com nove. Uso a receita da minha avó Beatriz. Um livrinho de receitas de 1910. A receita original é de licor de tangerina, mas também serve para laranjas.
Aparece ali no indíce na página 21, logo a seguir à perna de carneiro assada. A perna de borrego faço à minha maneira e não à dela. Há aqui receitas que já não se podem fazer ou fazem-se mas adaptadas. Levam 24 ovos, por exemplo, ou carradas de açúcar. Aliás, nesta receita de licor, a única coisa que não sigo à risca é a quantidade de açúcar que ponho menos que o indicado.
Para já só preciso das cascas das laranjas e de aguardente forte com muito álcool.
Vão ficar dez dias a macerar na aguardente, tapadas, no escuro da despensa.
Todos os dias vou lá dar uma mexida com uma colher de pau e ao fim de dez dias é que se faz a calda de açúcar para o licor.
Depois de tudo feito é engarrafar e esperar um pouco. Geralmente ao fim de um ano está óptimo e depois convém beber ou usar durante o ano seguinte. Parece mais um moscatel que um licor. Não tem aquele açúcar exagerado dos licores e tem um perfume que fica no ar.
Embora já tenha tido alguns a durar meia dúzia de anos sem perderem nenhum vigor, em geral, ao fim de dois anos e meio ou três começam a perder vida.
Este licor não serve só para beber -é óptimo a acompanhar sobremesas de chocolate ou de caramelo- também fica fantástico na calda do molho da salada de frutas ou para enriquecer certas sobremesas.
Enfim, hoje entra-se aqui em casa e há um cheiro de laranja misturado com o do jasmim. As florzinhas começaram a abrir hoje de manhã.
Se eu soubesse fazer perfume...
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