December 13, 2020

"Se ainda sopra vento"

 


São centenas de folhas caídas à minha porta. É assim desde o Outono, quando caem à minha porta, quando caem folhas mortas, à porta de todos.
É assim que as coisas são, como parte de um ciclo que se repete ano após ano, estação sobre estação. A mim me sobra o trabalho de as varrer e recolher do chão. E foi assim naquele dia, como tantos outros antes dele.
A cada monte que ajuntava, o vento vinha, soprava, como que se lhes desse vida. Eu, voltava atrás e recomeçava, uma e outra vez. O vento, esse, parecia fazer pouco de mim. Imagino até que me olhasse escondido por detrás da figueira despida, e assim que eu virava costas, soprava sobre o monte de folhas secas que me preparava para recolher.
Já cansado, frustrado, por tanto tempo e esforço desperdiçado, por fim decidi sentar-me na soleira da porta.
Dali, observei o voar incerto, desordenado, sem destino, das folhas mortas.
O que o vento tinha para me ensinar,
Acabei então por perceber,
Se ainda sopra o vento…
Não é tempo de varrer


Luís M Guerreiro

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