December 08, 2020

Resultados do TIMSS 2019 - resultados portugueses a descer e culpam-se uns aos outros

 


Este ano como estou sem trabalhar ponho-me à margem do que se passa nas escolas. Desassociei o email de trabalho ao email pessoal e nem lá vou ver o que se passa. Fui uma vez porque esperava uma resposta do director. Se é para não trabalhar, é para me poupar o stress. 


do blog Arlindovsky


A Culpa é de Nuno Crato? Alexandre Homem Cristo Responde 

1. Saíram os resultados do TIMSS 2019. Esta é uma avaliação internacional de referência, como o PISA da OCDE, que monitoriza as competências dos alunos do 4º ano a matemática e ciências, de 4 em 4 anos. Em Matemática, os alunos portugueses pioraram claramente, entre 2015 e 2019.
2. A matemática, em 2015, Portugal teve score de 541. Em 2019, caiu 16 pontos, para 525. Este score é até inferior ao de 2011 (532). Pioria não foi só o anular dos excelentes resultados de 2015, mas queda profunda. Em Ciências, a aparente pioria não é estatisticamente significativa.
3. No detalhe, observa-se uma queda em competências-chave. No raciocínio, é brutal: 519 (2019), quando antes estava consolidada — 532 (2015) e 531 (2011). Queda também no conhecimento (548 em 2015, 523 em 2019). Seja números, geometria ou dados, a pioria acontece em todos domínios.
4. Isto reflectiu-se no ranking internacional. Em 2015, Portugal teve o 13º melhor desempenho. Em 2019, caiu 8 lugares, para a 21º posição. Isto revela que a pioria em Portugal não foi acompanhada por outros países. Ou seja, é um problema português, não é uma tendência global.
5. Estes resultados espelham os efeitos das políticas públicas do PS na educação desde 2015. Não haja qualquer dúvida: os ciclos do TIMSS estão alinhados com ciclos governativos. Em 2015, o TIMSS foi também o teste de algodão das políticas públicas então implementadas (2011-2015).
6. O TIMSS 2019 testa alunos que fizeram 1º ciclo (2015-2019) sob governo PS. No relaxamento imposto pela eliminação de exames. No desvalorizar das metas curriculares de 2012 (criticadas pelo governo desde a 1ª hora). Sob novas orientações e Aprendizagens Essenciais no seu 4º ano.
7. Do mesmo modo, o TIMSS 2015 testou alunos que fizeram 1º ciclo (2011-2015) sob governo PSD-CDS. Com provas finais de ciclo, com novas metas curriculares, com uma declarada ambição de exigência na aprendizagem da matemática. E num contexto de crise económica.
8. O contraste político entre 2015 e 2019 é absoluto. São duas visões antagónicas em confronto. Já sabíamos. Mas o TIMSS tem a vantagem de clarificar efeitos, porque alunos dessas edições são produto das visões respectivas, realizando 1º ciclo sob orientações políticas específicas.
9. Mais: em 2019, houve condições óptimas para alcançar melhores resultados. Maior orçamento na Educação, mais professores nos quadros, menos alunos (sangria demográfica) e por isso melhores rácios de recursos por aluno, contexto económico de crescimento. Mas resultados pioraram.
10. Então, o que explica a queda em 2019? Duas coisas. Primeiro, a ausência de exames, que baixaram o compromisso de aprendizagem (como a literatura científica avisou que aconteceria). Ao eliminar as provas finais do 4º e do 6º ano, o governo PS promoveu relaxamento nas escolas.
11. Segundo, as alterações curriculares — desde a flexibilidade curricular (gestão de 25% do currículo nas escolas) à rejeição das metas curriculares (acusadas de serem demasiado exigentes), passando por fim pelas Aprendizagens Essenciais, a fasquia baixou estruturalmente.
12. O governo já responsabilizou PSD-CDS/ Nuno Crato pelos maus resultados em 2019 🤣. Pelo exposto acima, a acusação é objectivamente falsa. É só desespero e spin político. Estes alunos começaram escolaridade obrigatória sob o PS e levaram com todas as alterações então efectuadas. E, já agora, pela lógica do PS, em 2015 os bons resultados seriam mérito de quem? De Isabel Alçada? 😂 Enfim, é mesmo só para rir.
13. Nota final. Entre 2001 e 2015, Portugal avaliou alunos do 4º ano, com provas de aferição ou exames finais. Desde 2016, o governo acabou com essas avaliações. Por isso, o TIMSS tem a importância reforçada de ser a única fonte de informação fiável sobre os desempenhos no 4º ano

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Desempenho dos alunos portugueses na avaliação internacional TIMSS de 2019 caiu em relação ao último estudo, mas os resultados continuam acima da média. Secretário de Estado da Educação atribui descida a reformas educativas do ex-ministro Nuno Crato. A prestação nos testes de Ciências também caiu, mas não de forma significativa. Países asiáticos continuam a dominar

Infografia

No primeiro ano em que se realizou o estudo Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), em 1995, Portugal foi um dos países participantes, mas com uma estreia pouco auspiciosa. Os alunos do 4.º ano tiveram dos piores desempenhos a nível internacional. De então para cá, os resultados evoluíram de forma positiva e sustentada, com Portugal a abandonar o fim da lista. A má notícia é que entre a edição do TIMSS de 2015 e mais recente, realizada no ano passado e cujos resultados acabam de ser divulgados, os resultados pioraram.

Depois do brilharete em 2015, quando os alunos portugueses do 4.º ano conseguiram melhores resultados a Matemática do que os colegas finlandeses, 2019 registou uma descida na média de 541 para 525 pontos – ainda assim, estatisticamente acima da média de 500 pontos na escala usada pelo TIMSS e que vai de 0 a 1000. Os resultados colocam o país na 20.ª posição entre os 58 países e regiões participantes. Há cinco anos, ficou no 13º lugar.

Esta avaliação internacional realiza-se de quatro em quatro anos, é coordenada pela International Association for the Evaluation of Educational Achievment e, ainda que não tenha a projeção do PISA (a maior avaliação em Educação, realizada pela OCDE), permite perceber como evoluem e se comparam os alunos a Matemática e Ciências, em dois momentos diferentes do sistema de ensino: no 4.º e no 8.º ano.

Para o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, a descida é o resultado das políticas educativas aplicadas pelo ex-ministro Nuno Crato, durante o Governo de Passos Coelho (2011-2015). Isto porque os alunos do 4.º ano que realizaram o TIMSS 2019 são a “geração das metas curriculares (aprovadas em 2013) e que as seguiram desde o 1.º ano de escola”, argumentou o governante numa sessão online de apresentação dos resultados à comunicação social.

As metas curriculares foram definidas para todas as disciplinas do ensino básico e secundário e serviam como um guião concreto e preciso sobre os conhecimentos que os alunos deviam adquirir no final de cada ano de escolaridade. Mas o que aconteceu, continua João Costa, é que a exigência associada a estas metas acabou por fazer baixar os desempenhos. “Os resultados dos alunos portugueses nos últimos estudos internacionais – TIMSS, PIRLS (leitura) e PISA – são coerentes e espelham os efeitos das reformas aplicadas entre 2012 e 2015”.

Por oposição, continua o secretário de Estado, a eliminação dos exames nacionais no final do 4.º (e também do 6.º ano) não pode ser apontada como causa explicativa, porque a evolução dos resultados vem de trás e “antes de 2013 não havia estas provas”.

A IMPORTÂNCIA DO QUE SE TEM EM CASA

Mas o que estes estudos internacionais também têm demonstrado inequivocamente – e o TIMSS não é exceção – é que há outros fatores para além das políticas educativas que têm grande influência.

Um deles é a frequência da educação pré-escolar. Os alunos que nunca frequentaram o jardim de infância obtiveram em média menos 49 pontos do que os que frequentaram durante três ou mais anos. A Ciências, no 4.º ano, a diferença é de 31 pontos.

Outros têm a ver a com a composição socioeconómica da escola frequentada, a importância atribuída pelos diretores ao sucesso escolar ou o ambiente escolar mais seguro e organizado. Mas mais determinante ainda são os recursos para a aprendizagem disponíveis em casa, como a existência de livros ou ligação à Internet.

A diferença de desempenho entre os alunos com mais recursos em casa, tanto em Portugal como na média internacional, ronda e chega a superar os 100 pontos face a quem tem poucos meios de apoio no contexto familiar.

Por níveis de desempenho, 74% dos alunos do 4.º ano atingiram o patamar intermédio a Matemática e 67% a Ciências. Ao nível mais elevado da escala chegaram 9% e 2%, respetivamente, enquanto 5% e 7% não alcançaram o mínimo exigível (abaixo dos 400 pontos).

O TIMSS também testa os desempenhos no 8.º ano, que contou na edição de 2019 com menos países participantes. Portugal entrou pela segunda vez (a primeira tinha sido em 1995) e, como seria de esperar, os resultados melhoraram bastante ao longo do tempo.

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ME é responsável pelos milhares de alunos sem aulas

A tutela não tem tido o engenho e a arte para a criação de condições que levem os professores no desemprego a aceitarem horários que lhes permitam o mínimo de sobrevivência. O atual ministro da Educação, esse, está na iminência de se tornar o político há mais tempo na pasta e o que menos vezes reuniu com os representantes de educadores e professores
Em encontro por videoconferência neste sábado de mais de meia centena de dirigentes pertencentes à Direção do SPZC resultou um profundo levantamento da atual situação das escolas e da complexa situação em que se encontram os professores.
O espaço público e mediático tem sido invadido com a ideia de que muitos dos milhares de alunos que estão sem aulas se deve à falta de professores. A realidade comprova que há docentes disponíveis e, contrariamente ao que seria de esperar, no desemprego. Esta aparente contradição deve-se ao facto de as regras para as colocações estarem desfasadas das reais e efetivas necessidades da oferta e procura. Muitos dos horários que vão a concurso têm um número de horas de tal forma reduzido que torna impossível aos candidatos arcarem com as despesas de uma eventual deslocação para fora da sua área de residência. A não ser que paguem para trabalhar.
Compete única e exclusivamente ao Ministério da Educação (ME), sem qualquer demora ou hesitação, adaptar a colocação dos professores com a realidade. Diminuir a área geográfica dos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) e aumentar o número mínimo de horas dos horários a concurso seriam, desde logo, duas possíveis e excelentes medidas a serem tomadas.
Outro aspeto que deve merecer imediata correção é a exigência aos docentes de múltiplas tarefas que se traduzem numa enorme sobrecarga de trabalho. A sua permanência deve restringir-se unicamente às tarefas presenciais com os alunos.
À sua maneira, também os docentes estão na linha da frente da COVID-19. É urgente uma solução eficaz para os educadores e professores dos grupos de risco. Não se compreende que uns e outros não se encontrem nas prioridades da vacinação.
Por último e não menos importante, os elementos da Direção do SPZC criticam de forma vincada a não resposta da tutela aos constantes pedidos de reuniões. O objetivo é o de, no quadro negocial e de concertação, encontrar as melhores soluções para o vasto leque de problemas do sector. O despudorado distanciamento é de tal ordem que o atual ministro, apesar de ser o que mais tempo ocupou o lugar, se arrisca a ser aquele que menos vezes reuniu com as organizações representativas dos docentes.
A Direção

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