Um estava habilitado a tratar de pessoas e os outros tiraram o curso na universidade do Socas e devem ter feito metade das cadeiras com aquele 'mestre' que lhe deu 27 cadeiras ou lá o que foi, passadas todas ao Domingo, entre as duas e as duas e um quarto a seguir ao almoço.
Estou eu aqui a pensar que estou bem (mal) habituada a lidar com médicos como deve de ser, que se interessam mesmo pelos doentes e querem ajudar e que aquilo deve ter sido uma excepção, mas vendo bem, aquilo deve ser o pão nosso de cada dia nos serviços do Estado onde as pessoas com um cargozinho qualquer 'trumpizam-se' logo, sobretudo se têm o governo a dizer, 'mata, esfola'.
Há uns dias, uma pessoa conhecida que tem um problema oncológico ligou-me. Estava internada no hospital público lá da cidade. Contou-me que a meio do terceiro ciclo de químico, endovenoso, fez alergia ao medicamento, teve que ser ligada a uma máquina para respirar e foi para casa. Como o problema dela é no estômago ficou de tal maneira que teve que ir para as urgências. Chegou lá e puseram-na num maca, num corredor com uma pulseira laranja. No fim do dia, puseram-na a soro. Esteve ali quatro dias, sem comer, a soro e sem que um único médico olhasse para ela como deve ser. Todos lhe diziam, 'ah isso é um problema oncológico, não é a minha especialidade'. Nenhuma enfermeira se interessou por ela. ó iasmó mudando os sacos de soro. A família não pôde entrar por causa do covid. Ao quinto dia atirou-se dali abaixo e disse que se ia embora. Então, só então, a puseram num quarto e deram-lhe uma gelatina e uma solha frita(!!). Ela a contar-me o que foram aqueles quatro dias, no estado em que estava, para ali abandonada, numa maca num corredor, pôs-me agoniada.
Portanto, eu é que estou bem (mal) habituada a ser acompanhada por pessoas que nos tratam como doentes e como pessoas e se interessam por nós e têm brio no trabalho.
E a conversa de que têm ordens para mandar as pessoas para as escolas, independentemente dos problemas de saúde que tenham, é uma mentira que dizem a si mesmos por serem pessoas medíocres, porque o primeiro dever de um médico é para com o doente e não para com o Estado ou o SE ou outro qualquer governante. Eu lido com alunos e por vezes as ordens que temos e a legislação, em vez de beneficiar os alunos, prejudica-os, mas eu sei que o meu primeiro dever é para com os alunos e não este ou outro governo qualquer e portanto, nunca sacrifiquei o interesse de um aluno para cumprir ordens burocracia legislativa. Essa é que é essa.
Na última consulta que tive com a minha médica pneumonia-oncologista, o hospital estava em alvoroço porque mudaram o sistema informático e ninguém consegui funcionar bem com o software. Ela estava a tentar passar receitas, escrever relatórios e isso e aquilo estava complicado. Disse-me: vou fazer a consulta para não estar a interromper e depois fico cá mais tempo e faço isso tudo e envio. É o que tenho estado a fazer porque senão nem olho para as pessoas na consulta. É isso: estou mal habituada a médicos que levam o seu trabalho, de médicos e não de burocratas, a sério e que olham mesmo para nós e se interessam.
Portanto, essas pessoas que andam pelos serviços a tratar mal os doentes, são uma colecção de medíocres que ainda fazem questão de serem ordinários com as pessoas.
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René Laennec a French physician invented the stethoscope because he was uncomfortable putting his ear on a woman’s chest.
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