Este capítulo trata da oposição, do desinteresse dos apoiantes do governo que já nem conseguem fazer uma reunião da União Nacional. O país está numa espécie de torpor à espera que ele morra, que desapareça.
Esta sequência de fotos do penúltimo capítulo -o último é sobre o pós-Salazar- acaba com a notícia da morte de Salazar no diário dos Açores.
Cunhal
Cunhal e a posição soviética
uma conversa com Adriano Moreira
os erros de Salazar no atraso económico do país
acerca das intenções de Caetano
O capítulo final traça uma pincelada desde a morte de Salazar até aos nossos dias. A impressão do autor, com a qual concordo bastante, é que, se os vestígios da governação do Portugal de Salazar praticamente desapareceram -prisões políticas, censura, etc- as características dele enquanto indivíduo hão-de perdurar: o facto de ser um político dedicado ao serviço público, com uma vida simples e despretensiosa, a importância que deu ao fortalecimento da identidade dos portugueses, uma certa visão positiva e heróica do ser português e a habilidade não-subserviente em servir o país diplomaticamente, mesmo face às nações de maior poder.
No entanto, diz o autor, Salazar, se vivesse hoje não seria quem foi. Ele foi um homem do seu tempo, mas não seria um homem capaz de servir em democracia, nem seria capaz, provavelmente, de lidar com a complexidade urbana do mundo actual porque ele era muito reservado e campestre, apesar de ter um finíssimo raciocínio.
No geral parece-me que a biografia é muito equilibrada e vai beber a fontes variadas e diversas o que lhe dá alguma almofada contra viéses, ideias pré-concebidas - tem uma extensa bibliografia. Tem páginas de fotografias de Salazar em vários momentos da vida.
Pode ser que este livro seja uma espécie de pontapé de saída para outros estudos sobre Salazar com alguma distância e sem ódios ou fervores admiradores.
Última página do livro, últimas linhas: Salazar não acreditava na capacidade das elites governarem as nações nas condições modernas. No que não estava completamente errado...
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