Dos perigos da religião

 

1º - Crer em um Deus reorienta o olhar humano: desvia-o dos problemas terrestres, reais e das suas soluções possíveis para a ordem sobrenatural e para as soluções impossíveis, irreais, inadequadas ao que é humano; como disse alguém já não sei onde, 'de que nos serve a inteligência se depois pomos a esperança da nossa salvação em orações', a seres invisíveis que nos manipulam algures numa realidade imaginada ou sonhada? De que nos serve, digo eu, termos tantos livros com tantos conhecimentos, com tanta sabedoria acumulada e guardada ao longo dos tempos se depois só lemos um livro e só seguimos um livro?

2º - Quem crê em Deus põe sempre o interesse 'divino' acima dos interesses humanos e dispõe-se a sacrificar os seus semelhantes, duma maneira física ou simbólica, para garantir, com a sua militância, a sua salvação pessoal, o que é o mesmo que dizer que age de modo egoísta. Por exemplo, os religiosos são capazes de votar num homem de mau carácter e más intenções apenas porque é religioso ou contra o aborto. Arriscam a destruição de todos para conseguir a vitória sobre os não-crentes.

3º - A religião põe a obediência acima da racionalidade, do serviço ao outro e até da bondade é por isso que há tanta violência -de guerras mas não só- associada à religião. Porque a defesa do 'seu' Deus e a evangelização estão acima dos interesses humanos. 

4º - As religiões organizadas, portanto, com uma hierarquia e consequente obediência ao poder hierárquico menorizam o homem e isto desde o Iluminismo que foi amplamente mostrado, nomeadamente por Kant,

Sapere aude! Sirva-se do seu próprio pensamento! É assim, com a coragem de vencer o medo, a preguiça e a covardia, gerados pela difusão de preconceitos que servem de rédeas para a grande maioria, que o homem consegue sair de uma situação de menoridade em que ele próprio se coloca.

Como é que, passados mais de 300 anos, mais de metade do mundo continua nesta situação de menoridade mental é a pergunta que devíamos fazer e dar resposta.

5º - A religião traz consigo a discriminação  - das mulheres, dos homossexuais, dos não-medíocres. A religião quer a nivelação pela mediocridade e nisso Nietzsche tinha muita razão.

6º - A religião divorcia-nos do mundo natural e põe-nos 'acima' do resto da natureza em vez de nos incluir nela o que acarreta uma visão do ser destruidora ou caritativa mas não equilibrada e integrativa.

Dito, isto, gostamos do Natal mas como uma tradição que aproxima as pessoas num espírito de paz e não um aniversário do nascimento de um ser divino de uma mulher virgem que enganou o marido com um deus, a fazer lembrar as histórias de Zeus que se transformava em outros para se meter com ninfas de quem gostava...

E agora que já tive o meu momento lúcido (alguns dirão, herege), do dia, vou beber um café 😁