A ministra da saúde emocionou-se hoje na homenagem ao Instituto Ricardo Jorge, sem dúvida porque este tem sido um ano difícil para ela dado o contexto de pandemia do covid-19. A questão é que ela chorou mais por si que pelos outros pois nunca foi capaz de ver que este seu ano excepcional é o ano mais ou menos normal dos outros, a quem me lembro dela chamar bestas e bárbaros, juntamente com o primeiro-ministro. Eu lido com muita frequência com médicos e enfermeiros que têm lidar comigo e com todos os outros doentes oncológicos: os que choram, os que lhes cai o cabelo de repente, os que têm que ser ligados a uma máquina a meio do tratamento porque fizeram uma reacção alérgica, os que ficam tão fracos que não podem fazer tratamentos, os casos desesperados sem salvação... isto é o dia a dia de muitos que andam nos hospitais. Mas ela não percebe isso. Ela só percebe o seu sofrimento e o seu stress. Por conseguinte, pese embora não goste de ver ninguém sofrer, não fico muito impressionada com a emoção da ministra. Ficava mais impressionada se ela se emocionasse com os problemas da saúde que resolvesse.
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