Este artigo desenvolve-se no sentido de dizer que Salazar tinha um regime cheio de corrupção porque fazia favores e, publica alguns desses favores: uma mãe, por exemplo, escreve a Salazar dizendo que tem uma catrefada de filhos, que um deles é um rebelde e precisa que o pai fique perto dele senão vai passear para a faculdade em vez de estudar. Então pede para Salazar o pôr numa empresa do Porto para onde o filho vai - o pai é um engenheiro. Outra mulher escreve-lhe a dizer que quer muito ver a Rainha passar e se ele arranja maneira de ela ter um lugar à janela na rua por onde vai passar. Uma viúva com 5 filhos escreve-lhe a pedir para lhe aumentar o subsídio de viuvez para as crianças poderem continuar a estudar.
Isto não são casos de corrupção. Corrupção tem que ver com fazer favores a troco de dinheiro ou de favores, presentes ou futuros. Estes casos são de pessoas que não são conhecidas de ninguém nem subornam ninguém. Na realidade o que isto mostra é que a ditadura de Salazar é paternalista ao ponto do patético. Era o pai da nação e o povo em geral, mesmo o mais humilde, dirigia-se-lhe pessoalmente pedindo graças como se ele fosse o pai divino que concede graças. Isto é um povo menorizado à infância às mãos de um indivíduo que ao fim de uns anos de poder, encarnou essa figura patética de paizinho da nação. O Iluminismo deu-se no séc. XVIII mas não chegou aqui ao cantinho à beira-mar plantado.
Salazar não era corruptível e toda a gente o sabe. No entanto, tinha favoritos como convém aos 'auto-intitulados salvadores' que se sentam por dezenas de anos no poder. Uma corte de favoritos, esses sim, que concediam favores por estarem dentro da circunferência do salvador ou dentro da circunferência dos que lá estão. Portanto, corrupção havia de haver porque não existem países com povos puros, isso é uma parvoíce, mas não estes pedidos patéticos que lembram as cartas das crianças ao Pai Natal.
(as imagens não são minhas)
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