November 08, 2020

3ª lei de Newton

 


A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Os governos desregraram de tal modo as profissões, abusaram dos profissionais, incentivaram a contratação de qualquer um, com ou sem formação, para proletarizar os seus trabalhadores, que estes se viram constrangidos, ao ponto de criarem ordens para se proteger dos abusos dos governos. Agora queixam-se da rigidez das profissões mas foram os governos que criaram as condições para que isto acontecesse. É sempre a mesma coisa: abrem a caixa de Pandora tal qual como no mito, pensando que tiram de lá só o mal que vos interessa e depois podem fechá-la outra vez. Pois, não podem, por causa daquela lei da física. E as queixas deste senhor são queixas de quem quer manipular e abusar e de repente vê que já não pode fazê-lo como era costume. Aliás, este mesmo que se queixa de os sindicatos já não terem o poder que têm faz parte de um partido que foi conivente na destruição do poder negocial dos sindicatos através da distribuição de prebendas e cargos a sindicalistas. Mas ele queria acção sem reacção... vive no La La Land.


Pôr as profissões na ordem

Pedro Adão e Silva

(...)
Só que o que se tem passado nas últimas décadas, com um ímpeto imparável de criação de ordens para profissões que não são exercidas em regime liberal, é do domínio do absurdo. Temos, neste momento, por exemplo, ordem dos biólogos, dos contabilistas certificados, dos despachantes oficiais, dos veterinários, dos nutricionistas e, agora, dos assistentes sociais, tendo o parlamento já aprovado mais uma, a dos fisioterapeutas.

Esta multiplicação de ordens tem servido para que os bastonários se tenham transformado em dirigentes sindicais — o que manifestamente não podem ser —, enquanto se desvaloriza, de facto, o sindicalismo enquanto instância própria para reivindicações laborais de natureza política. Os papéis contraditórios desempenhados pelos bastonários permanecem um traço marcante da degradação do debate público em Portugal, que prejudica a defesa do interesse comum e as próprias exigências legítimas dos grupos profissionais que defendem. Pelo caminho, em muitos casos, enquanto exorbitam das funções que a lei lhes atribui, as ordens vão-se esquecendo de pôr termo às más práticas deontológicas dos seus membros.

Mas, porventura, o aspeto mais negativo da criação em catadupa de ordens é o contributo para o fechamento por exclusão de um mercado de trabalho já de si muito rígido como o português. O caso da ordem dos assistentes sociais é paradigmático: uma atividade profissional que, no passado, foi exercida por pessoas com formações diversas (de economistas a sociólogos passando por psicólogos) passa, agora, a ser desempenhada em exclusividade por licenciados em serviço social.

2 comments:

  1. Eu acho muito bem que as Ordens defendam os seus membros, já que os sindicatos não o fazem.
    Tem algum jeito marcar uma greve em Dezembro só porque sim? Deviam era ter boicotado o início do ano letivo porque não há condições para se trabalhar, em segurança, nas escolas. E não me venham com histórias dos 3% de casos de Covid que isso é tudo mentira!

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  2. Este governo, apesar de ser de esquerda, comporta-se como se fosse de direita no que respeita ao destrato dos trabalhadores.

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