E dada a minha natureza hiperbólica e um bocadinho obsessiva com as coisas que gosto muito, tenho alguma tendência em ter dificuldade em desligar-me delas. É assim que passaram 16 anos desde que deixei de fumar e ainda me acontece ter desejo de tabaco, embora hoje-em-dia muito espaçadamente e só quando a ocasião me ressuscita no corpo aquela ligação que havia entre certa coisa e o tabaco. Neste caso, o champanhe que estou aqui a bebericar. De repente veio-me ao nariz -à memória- o cheiro de uns charutos cubanos muito finos, mais parecem cigarrilhas (trouxe-me um amigo de cuba há muitos anos e se calhar já estão estragados) que ainda tenho ali numa caixa, juntamente com tabaco de cachimbo, que a certa altura também fumei.
Cá em casa ainda há charutos, cigarrilhas, tabaco de cachimbo e, é claro, o tabaco que fumei, para mal dos meus pecados, durante muitos anos: Ritz. Pu-me aqui a lembrar das marcas de tabaco que fumei. Ritz, foi a minha paixão -ou vício- durante 30 anos. Tinha um sabor adocicado e era muito forte - nunca soube gostar das coisas em doses pequeninas e anódinas, é logo tudo a sério, para mal dos meus pecados...
Ritz
Não foi o primeiro tabaco que fumei. O 1º tabaco que fumei foi Português Suave, sem filtro. Tinha aí uns dez anos e um primo que não é primo, roubava maços ao pai, de vez em quando e chamava-me para ir fumar com ele. Fumávamos o maço todo até ficar bêbedos. Isto aconteceu umas três ou quatro vezes.
Português Suave sem filtro
Depois estive até aos 12 anos sem fumar. Aí uma rapariga bastante mais velha (já em Évora) que morava na mesma casa, fumava muito e comecei a fumar com ela. Aos doze anos parecia mais velha do que era. Ela fumava Sintra e eu comecei a fumar Sintra. Fumava meia dúzia de cigarros por dia.
Por volta dos treze anos comecei a comprar tabaco e experimentei vários:
Estoril e Monserrate:
Lembro-me de experimentar CT
E provisórios e definitivos, mais para acompanhar amigos (todos os meus amigos e amigas fumavam) ou se não tinha cigarros e alguém me dava, porque não gostava destes cigarros.
Foi nesta altura que descobri o Ritz... quando não havia Ritz fumava outras coisas:
- SG filtro ou ventil, raramente gigante até porque este apareceu muito mais tarde.
Menos vezes, Kentucky, Camel e Marlboro:
Enquanto morei em Bruxelas, como era raro ter Ritz - era preciso que alguém viesse a Portugal e tivesse pachorra para me levar cigarros, fumei Gauloises, Gitanes e John Players Special, mas geralmente era Gauloises Blondes ou, às vezes, Gauloises brunes
Depois voltei e passados poucos anos comecei a pensar que fumar era como estar a apontar uma pistola à cabeça e resolvi fumar cigarrilhas porque levavam mais tempo a fumar e fumava menos... quer dizer, pensava eu... com a mesma lógica comprei um cachimbo Peterson e comecei a fumar tabaco de cachimbo... resultado: houve uma altura que fumava cachimbo, cigarrilhas e no intervalo disso tudo, Ritz... e aqui e ali, ainda um charuto... foi pior a emenda que o soneto. Depois deixei de fumar de um dia para o outro. Tarde demais... O vício é uma coisa tramada. Passaram 16 anos e há bocado veio-me o cheiro do charuto à memória. Nem vou abrir a caixa onde eles estão porque como se costuma dizer, “A virtude é tentação insuficiente.”
Bem, eu agora fiz uma viagem ao passado. Tive mesmo um blast from the past e lembrei-me dos tempos do liceu e da Faculdade quando sumava SG filtro ou ventil.
ReplyDeleteMas eu fumava pouco porque, já nessa altura, tinha grandes ataques de sinusite e o tabaco dava-me cabo do nariz. Foi a minha sorte! Porque eu gostava genuinamente de fumar.
Depois, quando engravidei, deixei de fumar e foi até hoje. Já se passaram 30 anos...
Mas foi fixe ver as várias marcas que mostraste!😊