October 22, 2020

Impressões filosóficas

 


If

By Rudyard Kipling (1865-1936)
Rewards and Fairies (circa 1895)

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don’t deal in lies,
Or being hated, don’t give way to hating,
And yet don’t look too good, nor talk too wise:

If you can dream—and not make dreams your master;
If you can think—and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you’ve spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build ’em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: ‘Hold on!’

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with Kings—nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you,
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds’ worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that’s in it,
And—which is more—you’ll be a Man, my son!



Kipling escreveu este poema para o filho.

Fui dar com este poema -uma versão traduzida- teria uns 11 ou 12 anos. Talvez 12. Lembro-me de passá-lo para uma folha de papel (aliás, lembro-me do acto de o escrever e onde o fiz e o que senti e tudo) e andar com ele no bolso e lê-lo muitas vezes ao dia e sentir que havia ali qualquer coisa que tinha que perceber e, ao mesmo tempo, sentir um conforto existencial nas suas palavras. Portanto, o poema causou-me um grande impacto. Penso que foi a primeira vez que tive uma impressão filosófica da vida auto-consciente. Daí para a frente lembro-me de fazer muitas perguntas filosóficas sem saber que o eram. Aliás, pensava mesmo que eram perguntas estúpidas. Um dia, aí pelos 13 anos, numa aula de matemática (tinha sempre muito boas notas a matemática, aquilo para mim era fácil), acabei de fazer uns exercícios com equações e enquanto esperava que os outros acabassem, perguntei ao professor o que eram equações, porque é que alguém as tinha inventado e se existiam coisas na realidade que fossem equações. O homem ficou furioso, 'lá vens tu com essas perguntas estúpidas que não interessam para nada. Cala-te com isso.' É claro que eu fiquei a pensar que era estúpida com as minhas perguntas estúpidas e nunca mais as fiz em voz alta. Foi preciso passarem anos e ler o Heidegger para perceber que afinal as perguntas não eram estúpidas e havia um grupo de pessoas que também vivia com elas no pensamento. Foram precisos ainda mais anos para perceber que o professor é que era estúpido. Sabia pouco de matemática e não querendo mostrar fraqueza fez o que fazem todos os cobardes.

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