October 03, 2020

Ainda a propósito da pseudo-meritocracia em que vivemos II

 


Aqui está um coitado que precisava de alguma sorte na vida e foi dar de caras com dois assassinos sádicos demasiado broncos para perceber (como aquele polícia nos EUA que assassinou George Floyd, em directo na TV) que estavam a matá-lo. Inspectores do SEF - como podem estes dois homens ter chegado a este cargo? Ou o perfil exigido ao inspector de carreira é o de um assassino ou é a pseudo-meritocracia a funcionar. 

Esta notícia dá-nos volta ao estômago. O sofrimento, o medo e a confusão do homem em ser tratado daquela maneira. Vinte minutos a matar um homem ao pontapé só porque... podem. Têm poder e sabem que à sua volta existe um "temor reverencial" pelas suas pessoas por terem uma patente qualquer. São os chefes.

Antes de ontem via-se na TV o primeiro-ministro e a presidente da comissão europeia em conferência de imprensa: o Dr. António Costa e a Ursula... este é um problema muito português. Em Portugal muita fraude e ilegalidade se cometem à conta deste temor reverencial que as pessoas têm por uma patente, um título. E as pessoas que têm os títulos ou patentes incham ao ponto do ridículo, não percebendo que são eles que têm de estar à altura da dignidade dos cargos e não o oposto, com uma vaidade que nem sempre mata directamente, mas às vezes o faz, como neste caso.

Parece-me evidente que algo vai muito mal na carreira e/ou formação das forças de segurança para que assassinos cheguem a inspectores sem ninguém perceber (não são um ou dois) e para que os que percebam tenham tanto medo de os denunciar que prefiram ficar a ver um ser humano ser espancado até à morte.

Um indivíduo está muito bem na sua vida e resolve vir a Portugal e como tem o azar de não ser ninguém de uma elite qualquer matam-no ao pontapé, só porque sim. Isto não é um 'azar da vida' como ser apanhado por um terramoto ou uma doença. Não. Isto é um país que tem tanta corrupção e falsa meritocracia que aqueles que deviam proteger os outros são os que os matam.


Morte no aeroporto: espancamento de Ihor durou 20 minutos, agonia prolongou-se por quase nove horas


Acusação do Ministério Público revela que imigrante ucraniano foi impedido de entrar em Portugal com um pretexto falso e foi espancado a soco, pontapé e bastonada quando estava algemado e deitado. Seguranças não intervieram porque tinham “temor reverencial” dos inspetores. Os três acusados da morte do imigrante tentaram encobrir o homicídio e mentiram a um magistrado.
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... chamaram inspetores do SEF, que se limitaram a substituir a fita por lençóis.
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Às 8h15 de 12 de março de 2020, e porque Ihor não dava sinais de se acalmar, os inspetores do SEF Laja, Sousa e Silva dirigiram-se à sala. Exigiram à segurança que não registasse a sua presença ali - "você não vai colocar aí os nossos nomes, ok?" - e mal entraram na sala voltaram a algemar Ihor e "desferiram no corpo do ofendido número indeterminado de socos e pontapés". Já com o homem no chão, "também com um bastão extensível, continuaram a desferir pontapés e várias pancadas" enquanto "aos gritos lhe exigiam que ficasse quieto".

"ISTO AQUI NÃO É PARA NINGUÉM VER"
Os gritos chamaram a atenção de alguns seguranças que foram corridos pelo inspetor Laja: "Isto aqui não é para ninguém ver". O espancamento durou vinte minutos. Quando saíram, "deixando o ofendido prostrado", os inspetores exclamaram "agora ele está sossegado" e "isto hoje já nem preciso de ir ao ginásio". O MP diz que o "temor reverencial" dos seguranças impediu que a situação fosse imediatamente denunciada.

De acordo com a autópsia, Ihor morreu por causa de inúmeras lesóes traumáticas e hemorragias internas "provocadas pelas agressões" dos três inspetores. O facto de estar algemado terá provocado a asfixia que o matou.




1 comment:

  1. Para sermos mais precisos António Costa é licenciado em Direito. Ursula é Doutora porque é médica!

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