.. até perder sentido. O termo 'resiliência' que agora usam a torto e a direito é um termo da psicologia que se usa, sobretudo, na psicologia infantil. Refere-se ao fenómeno da criança ser capaz de uma adaptação positiva, apesar de passar por experiências negativas ou até, traumáticas. Dizemos que uma criança teve resiliência, ou melhor, que a sua adaptação foi resiliente, quando sai de uma vivência negativa e consegue recuperar e viver uma vida sã. A resiliência não é uma característica do indivíduo como o talento para a música, por exemplo. Uma criança pode ter essa resiliência num contexto e noutro não ou numa fase da sua vida e noutra não, por diversas razões.
Um dos casos que mais se fala neste contexto é o dos orfãos da Roménia e antes, as crianças órfãs da 2ª guerra que Spitz estudou.
Esta questão é interessante: porque é que certas crianças passam por experiências traumáticas de abandono e ausência de afectividade, por exemplo ou de guerra- e reconstroem as suas vidas equilibradamente e outras, nas mesmas condições se tornam adultos desequilibrados?
Os alunos fazem muito essa pergunta quando falamos de certos temas: 'ó professora, uma pessoa pode crescer numa família com muita violência e falta de amor e mesmo assim vir a ser um adulto normal ou acaba por ser violento e frio como a família?' - revela, não apenas que têm uma vida familiar complicada, mas ainda que têm receio de se tornarem pessoas parecidas com as famílias.
Outra questão interessante é: pode treinar-se a resiliência nas crianças? Pode, sim, até certo ponto.
Uma pessoa pode dizer que, apesar deste ano de pandemia criar dificuldades acrescidas e diferentes às crianças, que elas têm processos de resiliência com que se defendem e não vão ficar todas doentes mentais como por aí se diz.
Agora, este termo usado noutros contextos não faz muito sentido. Mas pronto, vai ser como o termo, 'paradigma' que a certa altura se usava para tudo e um par de botas até perder o sentido.
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