É um filme, como o nome indica, sobre os acontecimentos de Fátima de 1917. O filme é falado em inglês, mas a maioria dos actores são portugueses. Não todos: o Harvey Keitel, a Sónia Braga ou o actor que faz de presidente da junta que é um polaco (acho) e a rapariga que faz de Lúcia que é uma espanhola. A Lúcia Moniz, a actriz que faz de mãe da Lúcia é excelente no papel.
O filme é de um tipo que foi director de fotografia do Game of Thrones, o que se nota. É filmado em tons de sépia o que faz parecer um postal antigo. Tem cenas belíssimas, algumas que parecem saídas de um Bruegel. Mais abaixo pus umas imagens tiradas do filme.
Quanto ao tratamento dos acontecimentos, o filme toma algumas liberdades relativamente aos factos que se conhecem, mas no geral segue aquilo que se sabe dos acontecimentos, sendo que a maior falha, se é que lhe podemos chamar assim, é a não contextualização das crianças; quer dizer, é como se a vida delas começasse com aquela experiência, quando sabemos hoje muita coisa que explica uma boa parte dos acontecimentos. No entanto, é uma opção válida do realizador, essa de só querer focar-se nos acontecimentos das supostas aparições.
Omite a maneira cruel como morreram os dois mais novos, especialmente a morte cruel da Jacinta (ela e o Francisco morreram da gripe espanhola), sozinha, abandonada e o que fizeram à Lúcia quando enfiaram a rapariga num convento de carmelitas do silêncio para não poder falar, nem com a mãe, mas é como disse, o filme foca-se nos acontecimentos das aparições. O Harvey Keitel aparece a dialogar com a Lúcia já idosa numa conversa de contrapor argumentos científicos à fé dela.
Enfim, o filme é bonito, vê-se muito bem, está bem construído, tem bons actores e recria aqueles meios humildes campestres da época. Vale a pena ver.
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