Hoje li este livro, "Formas artísticas na natureza" de Ernst Haeckel. O livro tem 30 páginas de Introdução e o resto -100 páginas- são imagens que se vêem e voltam a ver. O livro, que é grande com 25 cm de altura e todo soberbamente ilustrado, custou-me 5 libras em segunda mão, mas parece novo, cheira a novo e tudo. Uma pechincha porque a edição é muito boa e gostei da Introdução que tem 3 partes e onde se aborda a intenção de Haeckel com a obra, a novidade da obra, a influência da Arte na obra e a influência da obra na Arte posterior, bem como considerações científicas e filosóficas sobre a evolução filogenética.
Haeckel quis com a obra, ao mesmo tempo validar a teoria revista de Darwin quanto à filogénese e fazer um trabalho de divulgação científica usando o seu enorme talento de artista para apresentar as formas da natureza de uma maneira cativante e apelativa (por vezes apresentava as simetrias apenas nos lados que lhe convinha para a sua tese [é conhecida a fraude que fez de desenhos de embriões para provar a sua teoria de que a ontogénese repetia a filogénese]) que levasse as pessoas a interessarem-se pela ciência e pela evolução.
Este livro vendia-se novo por £16.99, o que não é caro, tendo em conta que das 130 páginas, 100 são ilustrações de muita boa qualidade. O tipo de livro que aqui custaria 70€. Ultimamente, perdi a vontade de ir à Feira do Livro. A maioria do espaço está tomado pela Leya e pela Porto que vendem meia dúzia de livros por um preço caro: se o livro custa 25€, o preço de feira é 22€... e isto são os livros vulgares porque se é uma coisa um bocadinho melhor vai logo para os 35€. Uma fortuna. Quando lá vou é para ir aos alfarrabistas e mais 5 ou seis editoras onde costumo descobrir coisa que gosto, mas como é tudo muito caro, acabo por não comprar quase nada e o que compro é mesmo para dizer que comprei alguma coisa.
No ano passado descobri lá uns Lusíadas muito bonitos mas estragados, com a capa meio separada, manchas de humidade, etc, - como faço uma mini-colecção de Lusíadas, perguntei o preço: 50€... epá... deixei-o lá ficar, claro.
Li a Divina Comédia de Dante numa edição bilingue italiana-francesa, com ilustrações, encadernada e gravada a ouro que comprei em Bruxelas quando lá morava. A edição não é antiga nem rara mas é especial, foi feita em homenagem ao grande tradutor de Dante, Andre Perate e é muito cuidada. São 3 volumes que custaram -ainda tem o preço escrito pela mão do livreiro no 1º volume- 1200 BEFs (francos belgas), que equivalem mais ou menos a 30€. E porquê? Porque no corte superior de dois dos volumes, que são dourados, há manchas de humidade visíveis, embora por dentro esteja impecável.
Em Portugal todos se queixam que ninguém lê, mas os livros são caros para um leitor. Se comprasse livros cá ia à falência até porque o Estado não me deixa pô-los no IRS o que me parece um escândalo, um professor não ter benefícios fiscais por ler. Agora então que ando, de há uns meses para cá, numa enorme voracidade de leitura... faço caças a livros na internet para comprá-los por 2 libras, 5 dólares e por aí fora, porque neste país não se incentiva à leitura... enfim... é o país que temos.
Se a Feira fosse como antigamente onde encontrava sempre coisas boas e muito baratas ainda me tentava a ir lá na pandemia mas arriscar-me para ter desilusões, não vale a pena.
Este livro é uma beleza ❤️
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