August 12, 2020

Entrar num hospital e sair de lá vivo e com saúde depende, sobretudo, da sorte

 

... do médico que nos atende ser competente e responsável. Os médicos são como os políticos: dizem-lhes (aos médicos dizem-lhes acabadinhos de formar) que são uma elite e o pior é que eles acreditam mesmo nisso e passam a comportar-se como se fossem o oráculo de Delfos. Depois, acontece que muitos médicos são idiotas e irresponsáveis e outros umas cavalgaduras na maneira como desvalorizam e tratam as pessoas, as suas queixas (sobretudo se são mulheres, pois toda a gente sabe que as mulheres são histéricas, não é verdade?) e dão respostas chocantes no pressuposto que os doentes devem ser uns estúpidos ignorantes e, portanto, não percebem que eles estão à nora sem saber o que fazer. 

Ora, quando as pessoas têm pequenas coisas, as consequências não são desastrosas, mas quando o caso é sério, como o que descreve esta mulher, acontecem tragédias que eram perfeitamente evitáveis como bebés nascerem sem cara. 

Isto tudo vem a propósito desta notícia: vania-entrou-sabado-na-maternidade-morreu-na-segunda-depois-de-rafael-nascer

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Dia 25 de Março de 2013 entrei nas Urgências do Hospital de São Bernardo para uma suposta cesariana. Pois tive gravidez de risco devido a ser doente oncológica e com problemas graves de tiróide. Tudo começou que a médica que me seguia retirou-me o Letter durante a gravidez. No dia 25 de Março , segunda-feira escreveram na caderneta, iniciou trabalho de parto, 3 dedos de dilatação e os resultados do CTG que mostravam que já estava realmente com contrações. A médica não apareceu e mandaram-me para casa pois não tinha cama para eu ficar em observação. Dia 26 igual, dia 27 já não comia, fui e estava a vomitar verde disseram que era "ansiedade" , mas ligaram-me ao CTG e marcava contrações, dia 28 fui com o meu marido e reclamámos junto do médico responsável de serviço na Obstetrícia, a resposta do médico é que não tinha o medicamento oxitocina para ajudar na dilatação e que desde que iniciei o parto não tinha feito mais dilatação e que o mais correto seria sempre tentar o parto normal,eu já não conseguia andar com as dores é o médico sugeriu ao meu marido termos relações sexuais para ajudar na dilatação, à qual o meu marido ficou completamente indignado com a falta de senso do médico perante tudo o q se estava a passar. No dia 29 de Março fui às 08h00 para as urgências novamente, colocaram-me no CTG o dia todo, já me disseram que iria fazer medicação para acelerar a dilatação, "Graças a Deus" a minha médica de oncologia disse no serviço que eu não podia levar essa medicação devido à fragilidade do meu sistema imunitário e dos glóbulos brancos. A minha médica que me seguia nunca me foi ver. Foi-me negada a cesariana apesar de já ter tido 2 cesarianas anteriores. Passei a pior noite da minha vida preocupada porque a bebé já se mexia muito pouco, estava com corrimento sanguíneo, até que no dia 30 de Março resolvem às 14h00 rebentarem as águas para ver se desenvolvia ainda mais o parto. Às 20h00 entrou um médico brasileiro de serviço já com os seus 60anos e disse que era desumano o que se passara ali e mandou um raspanete ao colega e encaminhou-me para cesariana, a minha bebé já estava em sofrimento, com baixa oxigenação quando nasceu e um angioma enorme no topo da sua cabeça. Eu tive complicações durante a cesariana, pois fiquei com uma cepticemia devido a ter estado vulnerável durante tantos dias em trabalho de parto. Tive de ficar internada e à conta dos antibióticos não pude amamentar a bebé. Não aconselho o Hospital de São Bernardo a nenhuma mãe, falo por toda a experiência até hoje. Também com as minhas filhas anteriores." Uma semana em trabalho de parto,dá que pensar!!! Um bem haja a todos vós que lerem o meu testemunho. Descansa em Paz Vânia, meus pêsames a toda a família.

Cristiana Figueiredo


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