A partição da Índia é um exemplo do desinteresse que as elites políticas têm pelas populações quando o seu poder está eu causa.
A partição do subcontinente indiano [the partition, como é conhecida] resultou na morte de mais de um milhão de pessoas. Cerca de 14 milhões de pessoas foram desenraizadas e “forçadas” a deixar as suas terras ancestrais para atravessar uma linha imaginária desenhada num mapa de papel por um burocrata inglês. Enquanto os líderes políticos se regozijavam com a partida dos britânicos, muitos hindus, sikhs no Paquistão e muçulmanos na Índia descobriram de repente que estavam no lado errado da fronteira com o anúncio da Linha de Radcliffe em 17 de agosto de 1947.A Linha de Radcliffe foi a linha de fronteira da partição, resultado de um plano oficial anunciado pelo último vice-rei da Índia britânica, Lord Mountbatten, que dividiu a Índia britânica em dois estados soberanos separados - Índia e Paquistão. De acordo com o plano, as províncias de Bengala e Punjab seriam divididas em duas partes, uma compreendendo distritos de maioria muçulmana e os outras de maioria hindu e sikh.
Os britânicos argumentaram que Radcliffe recebeu o cargo porque não conhecer o país, pois isso garantia que não prejudicaria nenhum dos lados.
Radcliffe foi para a Índia em 8 de julho de 1947; o Acto de Independência da Índia foi aprovado pelo Parlamento do Reino Unido e entrou em vigor em 18 de julho, deixando Radcliffe com algumas semanas para fazer o trabalho tendo 15 de Agosto como prazo final.
O historiador e professor Kapil Kumar, citando documentos oficiais, diz: “Foi Radcliffe quem decidiu terminar o trabalho da fronteira em seis semanas. O tempo dado inicialmente foi de dois anos e meio para todos os assuntos de finanças, comércio, militares, etc, mas de repente eles (os britânicos) decidiram que partiriam em 15 de agosto de 1947 e foi assim que este homem se sentou no escritório e pura e simplesmente desenhou uma linha no mapa de papel”.
O historiador e professor Kapil Kumar, citando documentos oficiais, diz: “Foi Radcliffe quem decidiu terminar o trabalho da fronteira em seis semanas. O tempo dado inicialmente foi de dois anos e meio para todos os assuntos de finanças, comércio, militares, etc, mas de repente eles (os britânicos) decidiram que partiriam em 15 de agosto de 1947 e foi assim que este homem se sentou no escritório e pura e simplesmente desenhou uma linha no mapa de papel”.
Kumar destaca o estatuto de domínio da Índia e do Paquistão sob os britânicos e rejeita as alegações de falta de tempo. “O que a Índia obteve em 15 de Agosto não foi a independência, mas o estatuto de domínio. Em 1948, quando C. Rajagopalachari foi nomeado governador-geral após a partida de Mountbatten, Nehru escreveu uma carta ao rei da Inglaterra em nome de seu gabinete, solicitando a sua permissão para nomear Rajagopalachari como governador-geral da Índia e em todos os documentos que são endereçados, eles são tratados como premier do domínio indiano e premier do domínio do Paquistão ”, diz ele.O projeto de lei da independência da Índia e a resolução do Congresso sobre o projeto enviado aos britânicos, deixa claro que a Índia foi constituída um domínio e o Paquistão foi constituído um domínio separado, acrescenta.
Até 26 de janeiro de 1950, a Índia funcionou como um domínio britânico, onde os líderes nacionalistas indianos, não eleitos, receberam juramentos em nome do rei-imperador por um vice-rei britânico. O período de três anos, de 1947 a 1950, foi crucial para a Índia, pois foi nessa época que os líderes deveriam fixar fronteiras, trocar populações, escrever uma constituição e passar pelos processos legais de descolonização.
Kumar sublinha: “Porque é que Radcliffe foi designado para o trabalho, é incompreensível. Mas a questão crucial é: por que o Congresso Indiano concordou com esta fronteira tipo-desenho em papel de Radcliffe, sabendo que ele nada sabia sobre a região? Por que é que não foi feito nenhum protesto e aceitaram isso?Das coisas divididas entre os novos dois domínios estavam, dinheiro, dívida, reservas financeiras como barras de ouro, escritórios, móveis, livros etc., Tudo dividido de maneira bizarra ao ponto de haver mesas enviadas de escritórios governamentais da Índia para o Paquistão que não acompanhavam as cadeiras e vice-versa. Os instrumentos da banda da polícia não foram poupados, já que tambores foram dados à Índia e flautas ao Paquistão e assim por diante.
A divisão da Índia resultou numa das piores crises de refugiados de que há memória. De acordo com as estimativas do governo indiano, 83.000 mulheres foram abusadas e sequestradas durante a migração; os trabalhadores da reabilitação colocam esses números ainda mais altos.
O derramamento de sangue já acontecia antes da partição e tem a ver com a forma como o governo saiu. Jinnah tinha convocado um dia de ação direta contra hindus, em 1946, seguido de distúrbios em Calcutá.
A Índia e o Paquistão continuam este conflito gerado pela partição de Radcliffe em Caxemira, já que o governante da Caxemira, na altura, deveria decidir se se juntaria à Índia ou ao Paquistão. Acontece que Caxemira era uma região dominada por muçulmanos com um governante hindu e tanto a Índia quanto o Paquistão a desejavam.
A violência sexual contra as mulheres foi horrível mas não registada oficialmente por nenhum dos lados, o que torna ainda mais difícil rastrear os factos sobre a crise dos refugiados. Atualmente, apenas historiadores e estudiosos trabalham em histórias e testemunhos orais para registrar a brutalidade.
“Esta questão não é apenas a de um limite estabelecido artificialmente, mas também a de dar às pessoas tempo e oportunidade para facilitar a transferência pacífica. A nossa liderança estava mais preocupada em ganhar poder em vez de pensar numa transferência pacífica. As pessoas foram forçadas a partir, não foi uma migração. Eles não queriam abandonar as suas casas", literalmente de um dia para outro, acrescentou Kumar, mas sabiam que se ficassem no domínio da facção contrária, seriam chacinados.
Pessoas de diferentes etnias em diferentes partes da Índia britânica, incluindo estados principescos, exigiam estatuto de independência, mas a propaganda política e os referendos uniram artificialmente as regiões. No caso da Caxemira, foi necessária a intervenção do exército.
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