Não estou de acordo com esta maneira de pensar e parece-me que fizemos bem em não seguir o caminho da Suécia e de outros países que optaram por não fazer nada a não ser recomendar cuidado.
A Suécia, por exemplo, que tem menos habitantes que nós -e é um país muito rico e com condições excelentes- tem quase o triplo de mortes das nossas e não está muito longe do número de mortes da Turquia, com 88 milhões de habitantes. Mesmo levando em conta que a informação dos números turcos pode não estar correcta, é uma diferença abissal. Na Turquia decretaram confinamento muito cedo e muito apertado.
A Austrália que tem a mesma população que a Espanha tem 95 mortos e a Nova Zelândia que tem metade da nossa população tem 20 mortos: outro país que desde muito cedo impôs medidas de confinamento apertadas. A Coreia do sul, outro país que impôs medidas muito apertadas de confinamento, tem 252 mortos, apesar de ter o mesmo número de habitantes que nós.
Os países que se relaxaram ou que deixaram o vírus 'varrer o país', como dizia o outro, sacrificaram a vida de muitas pessoas, e não foram apenas os velhos, muitos velhos. Foram os mais pobres, os que têm menos condições de se proteger.
Por conseguinte, penso que fizemos bem em não ir por esse caminho e até me parece que o fizemos um bocadinho tarde - veja-se o número de mortes por milhão de habitantes e o número de médicos, enfermeiros e outro pessoal hospitalar infectado, doente e falecido.
Quem optou por não jogar com a roleta russa e decretou medidas cedo, deu tempo a que se encontre uma vacina, agora no Verão e Outono; deu tempo a que se reconvertessem alguns indústrias para o fabrico de máscaras e outros materiais de protecção e evitou que muitos médicos, enfermeiros e outro pessoal que trabalha em hospitais entrassem em colapso físico e mental, como se viu em Itália, Espanha, Inglaterra, EUA, França, onde a certa altura os hospitais tratavam de pessoas na rua e os médicos iam para o trabalho com sacos de plástico e aventais de jardineiro.
Talvez isso pareça pouco aos privilegiados da vida que podem estar em tele-trabalho, a receber salário ou até a lucrar com a pandemia, mas a mim -que nesse sentido (não o de lucrar com isto, mas o outro) também sou uma priviligiada- parece-me muito, isso de pensar no direito dos outros à vida.
Pode ser até que não se produza uma vacina antes do próximo Inverno, o que seria uma pena, mas pelo menos tentámos e não jogámos à sorte e ao azar com a vida dos outros, sabendo nós que esses outros, na maioria, são os que menos condições têm para se proteger, enquanto nos resguardávamos.
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