Nestas duas semanas, como já tinha feito todas as avaliações do período e não estava atrasada na matéria (a não ser no 12º ano mas é um programa que permite uma grande flexibilidade por razões que agora não interessam) deixei espaço para que os colegas que ainda tinham avaliações para fazer e matéria para dar para essas avaliações fazerem-nas, uma vez que os alunos, em casa, não conseguem ter o mesmo rendimento que nas aulas.
Falo da minha experiência com os meus alunos mas não deve ser muito diferente da dos outros. Tenho alunos que têm computador em casa e lugar próprio e privado para trabalhar e outros que não têm computador, ou têm mas é partilhado pela família. Há alunos que têm irmãos pequenos e têm que tomar conta deles, porque estão em casa e os pais têm que trabalhar. Alguns têm computador e internet mas muito lenta. Há alunos que têm casas muito pequenas e têm que estudar na sala, onde está o resto da família a fazer barulho. As condições entre os alunos são muito díspares e não é possível fazer-se o que se faz nas universidades ou que fazemos nas formações online em que estamos em videoconferência uns com os outros em sessões síncronas, sem interrupções.
Depois, os alunos querem fazer as tarefas mas têm dúvidas ou querem saber se estão a progredir na direcção certa e o professor não está ali para orientar e ajudar. Acabam por andar em cima dos pais sem sucesso (mesmo os pais que percebem deste ou daquele assunto, não percebem de ensinar tarefas académicas que têm uma pedagogia própria) incrementando atritos.
Ora, isso é muito diferente do que estarem numa sala, resguardados, com um professor presente que explica, prevê as dificuldades, orienta, ajuda, incentiva, corrige em cima do momento, tem materiais adequados ao espaço, mantêm-os focados no assunto, etc. É por isso que, pelo menos neste nível de ensino, a presença do professor é insubstituível. Por outras razões importantes também, mas que agora não interessam para esta questão.
De modo que estive a pensar como dar as aulas no 3º período tendo em conta estas condicionantes.
Em 1º lugar encontrei, através de um colega, estes cartazes que sintetizam muito bem aquilo que penso serem bons princípios para lidar, em termos metodológicos, com a situação do ensino à distância e que resumiria em algumas palavras: simplificar, sintetizar, clarificar, responder.
Em 2º lugar estou a pensar em modos de dar matéria nova com aquelas condicionantes. Como já percebi que todos têm telemóvel com internet (a maioria tem tablet também) mesmo não tendo computador, a melhor maneira será abrir um canal no youtube para cada turma e gravar aulas - coisas curtas de 15 minutos no máximo e depois enviar documentos de apoio e tarefas relativas a cada aula.
Paralelamente criar um grupo-turma no WhatsApp, por exemplo, para poder estar no horário das aulas, disponível para perguntas, dúvidas, ajuda, etc.
Para já foi o que me ocorreu que posso fazer porque chega a todos que tenham telemóvel com internet - que são todos. No limite até podem escrever os trabalho, tirar fotografia e enviar.
É claro que isto funciona no secundário porque os alunos já têm certa autonomia e estamos no final do ano lectivo. Se fosse o início do ano com turmas do 10º ano, por exemplo, onde a esmagadora maioria dos alunos têm zero autonomia, talvez tivesse que fazer algumas coisas diferentes, mas para já é o que estou a pensar fazer.
OREO Online Learning Wayfinding
Por mais louvável que seja a sua postura ética e profissional, a senhora está a perpetual e a acentuar as discrepâncias e as desigualdades.
ReplyDeleteGrande parte dos alunos está parada, por falta de condições logísticas - chamemos-lhe assim -, enquanto a outra segue como se nada fosse.
Às vezes, é preciso olhar para além do umbigo e ter uma perspetiva holística, como os senhores agora dizem, da situação e das circunstâncias.0
Nem percebo o que diz... se todos os alunos têm um telemóvel com internet e têm os livros para estudar, como é que estão parados? Só estão parados se quiserem. A maioria dos alunos tem muitas desculpas para não fazerem coisa alguma.
ReplyDeleteNão vamos ficar todos parados só porque alguns não têm as condições dos outros, vamos é tentar chegar a todos. E não sei o que é que isto de tentar arranjar uma maneira de todos poderem trabalhar, tem a ver com umbigos ou com ser holístico.