Anna Komnene (1 de Dezembro de 1083 - c.1153) ou latinizando o nome, Ana Comnena, considerada a primeira mulher historiadora.
Era uma princesa bizantina que escreveu “Alexíada”, a história política e militar do reino de seu pai Aleixo I Comneno (1056-1118). Ana, uma erudita e gestora hospitalar (o seu pai e imperador entregou-lhe a administração do hospital e orfanato que mandara construir e onde Ana ensinava medicina), aprendeu com os seus tutores ciências como astronomia, assuntos militares, medicina, geografia, matemática e também a língua grega, teologia, história, retórica e literatura (consta que leu a Odisseia em segredo pois os seus pais consideravam o politeísmo perigoso).
Esta filha do imperador Aleixo I e da princesa Irene Ducena (1066-1133), era especialmente devotada à filosofia que considerava a rainha de todas as ciências.
Ana, sendo a mais velha dos filhos do imperador, na infância foi prometida ao filho do Imperador Miguel VII e considerada a herdeira do trono de seu pai mas o nascimento de um varão, o seu irmão João, e a morte do seu noivo pôs um fim a estes planos. No entanto, embora o seu irmão tivesse realmente sucedido a seu pai Aleixo no trono, a sua mãe Irene sempre apoiou e preferiu a sua filha Ana que considerava mais capaz, o que provavelmente é um caso único na História da Idade Média.
Os 15 volumes da Alexíada são a obra dos seus últimos anos, que escreveu já exilada no mosteiro de Kekaritomene que tinha sido fundado por sua mãe. Dão-nos uma visão da chegada a Constantinopla dos primeiros Cruzados vista pelo lado bizantino. Aliás a Primeira Cruzada foi formada, entre outras razões, a pedido de Aleixo I ao Papa Urbano II, pois o Imperador desejava o apoio do Ocidente. Não contava é com os enormes contingentes de Cruzados que foram chegando.
Ana Comnena, muito considerada entre os seus contemporâneos, mantinha no mosteiro reuniões de intelectuais, nomeadamente as dedicadas a estudos aristotélicos.
Nos seus escritos, fez questão de declarar a forma como reuniu as suas fontes: pequenos escritos sem pretensões literárias, velhos soldados que tinham lutado nas campanhas do Imperador, o que ouvira contar ao seu pai e aos seus tios e, como notaram os eruditos, Ana também usou os arquivos imperiais, tendo assim acesso a documentos oficiais.
A preocupação com o apuramento da veracidade dos factos políticos e militares juntamente com a perspectiva pessoal (a defesa de seu pai e trechos descrevendo a vida familiar) colocam a talentosa e sábia Ana Comnena num elevado patamar da História Medieval.
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