November 05, 2019

Ancient forests



Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo

Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam.  Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração.
A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais papeladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor.
Falar de uma encosta branca de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz.
Vivo a natureza integrado nela. De tal modo que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno.
Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha de um perfil. Lá está o exemplo de Miguel Ângelo a demostra-lo. Mas eu, não. 
Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe!

~Miguel Torga, in "Diário (1942)"
























The SUNDARBANS is a mangrove area, in the delta formed by the confluence of Gang, Brahmaputra and Meghua Rivers, in the Bay of Bengal.
by Ancient Forests

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