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November 21, 2019

Tons de azul 2




Na natureza, a cor azul é rara, quando comparada com a ubiquidade do verde, do amarelo ou do laranja. Em geral, a cor azul encontra-se nas pétalas das flores e nos frutos, onde desempenha uma função ecológica para atrair animais polinizadores (flores) e dispersores de sementes (frutos). Nestas estruturas, as moléculas responsáveis pela cor azul são, em geral, antocianinas, compostos que têm crescente interesse na investigação alimentar e farmacêutica, devido à sua atividade antioxidante. ( revistajardins)


O azul foi produzido, primeiramente, pelos egípcios. Criaram este pigmento que usavam nas artes decorativas. A cor azul foi evoluindo ao longo dos 6000 mil anos seguintes, tendo o último tom de azul sido criado há bem pouco tempo (ver aqui).


Azul egípcio





Egyptian Juglet, ca. 1750–1640 B.C. (Photo: Met Museum, Rogers Fund and Edward S. Harkness Gift, 1922. (CC0 1.0)
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Considerado o primeiro pigmento criado sinteticamente, o 'azul egípcio' (também conhecido como cuprorivaite) foi criado por volta de 2.200 AEC. Foi feito a partir de calcário misturado com areia e um mineral contendo cobre, como o azurite ou a malaquite, aquecidos entre os 800 e os 900 graus Celsius. O resultado era um vidro azul opaco que depois era esmagado e combinado com agentes espessantes, como a clara de ovo, para criar uma tinta ou um esmalte de longa duração.
Os egípcios apreciavam muito o azul e usavam-no para pintar cerâmicas, estátuas e até decorações de túmulos de faraós. A cor manteve-se popular durante o Império romano e foi usada até ao fim do período greco-romano (332 AEC-395 DEC), altura em que surgiram novos métodos de produção da cor.




Figure of a Lion. ca. 1981–1640 B.C. (Photo: Met Museum, Rogers Fund and Edward S. Harkness Gift, 1922. (CC0 1.0))





Curiosidade: em 2006 cientistas descobriram que o Azul Egípcio brilhava sob luzes fluorescentes indicando que o pigmento emite radiação infra-vermelha. Esta descoberta facilitou a identificação da cor em artefactos antigos, mesmo quando não é visível a olho nu.


Ultramarino

“Virgin and Child with Female Saints” by Gérard David, 1500. (Photo: Wikimedia Commons)









A história do ultra-marino começou há 6000 mil anos quando a pedra semi-preciosa, lápis lázuli, começou a ser importada do Afeganistão pelos egípcios que, no entanto, não conseguiram transformá-la numa tinta e, em vez disso, usaram-na para fabricar jóias.

Também conhecido como, 'azul verdadeiro', o lápis lázuli apareceu como pigmento no século VI e era usado nas pinturas budistas em Bamyan, no Afeganistão.
Foi renomeada de 'ultramarino' -em latim, ultramarinus, significando, para além do mar- quando foi trazida para a Europa pelos comerciantes italianos durante os séculos XIV e XV.
A sua qualidade de azul real profundo fá-la ser muito procurada entre os artistas medievais. No entanto, era preciso ser-se rico para usá-la pois era considerada tão preciosa como o ouro.





“Girl with a Pearl Earring” by Johannes Vermeer, circa 1665. (Photo: Wikimedia Commons {{PD-US}})











O azul ultramarino estava reservado para as comissões mais importantes. 

Diz-se que Vemeer, que pintou a Rapariga com Brinco de Pérola, adorava tanto a cor que endividou toda a família por causa dela.

Só em 1862, quando um pimento sintético foi inventado por um químico francês (que o nomeou, 'ultramarino francês') o seu preço deixou de ser proibitivo.


Curiosidade: diz-que que Miguel Ângelo deixou a pintura, 'O Sepultamento', inacabada, por não ter dinheiro para comprar mais pigmento, azul ultramarino.


Azul cobalto
“The Skiff (La Yole)” by Pierre-Auguste Renoir, 1875. (Photo: Wikimedia Commons {{PD-US}})



O azul cobalto data dos séculos, VIII-IX e era usado para colorir cerâmicas e jóias. Especialmente na China, na porcelana azul e branca. Uma versão mais pura de base de alumina foi mais tarde descoberta pelo químico francês, Louis Jacques Thénard em 1802 e a sua produção comercial começou em França, em 1807.
Pintores como, Turner, Renoir e Van Gogh começaram a usá-lo em vez do muito caro, azul ultramarino. Às vezes é chamado, 'azul Parrish' por causa do pintor Maxfield Parrish o ter usado para pintar os céus das suas paisagens.


Azul-celeste (cerúleo)


“Summer’s Day” by Berthe Morisot, 1879. (Photo: Wikimedia Commons {{PD-US}})






Originalmente composto de cobalto magnésio estanato, o azul-celeste foi aperfeiçoado pelo alemão Andreas Höpfner, em 1805. No entanto, a cor só ficou disponível como pigmento artístico em 1860. 


Curiosidade: em 1999, Pantone declarou o azul-celeste como a cor do Millenium e a tonalidade do futuro.


Azul Indigo


Indigo, historical dye collection of the Technical University of Dresden, Germany. (Photo: Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0))





Embora o azul fosse caro para tintas de pinturas, era barato para tingir têxteis. Ao contrário do lápis lázuli que vinha de uma pedra semi-preciosa, o índigo vinha de uma planta vulgar, a Indigofera tinctoria.  Tornou-se muito popular porque proporciona uma cor estável, que resiste à lavagem e à exposição solar, e produz uma variada gama de azuis.


[Atualmente, os corantes utilizados nas indústrias de tecidos são quase todos de origem sintética (anilinas). A primeira anilina (mauveína) foi criada, acidentalmente, por William Henry Perkin (1856), quando, com a idade de apenas 18 anos, procedia a ensaios para sintetizar quinino (antipalúdico) por via química, a partir de alcatrão de hulha. O seu objetivo era encontrar um medicamento que prescindisse da casca (súber) das quineiras (género Cinchona), nativas da América do Sul. Na década de 1890, a mauveína foi tão popular que passou a conhecer-se como década malva, e até a rainha Vitória se vestiu com tecidos tingidos desta cor, que evoca a cor da púrpura imperial.

Durante milénios, os europeus que desejavam obter um corante azul estável para tingir tecidos recorreram às folhas da planta-do-pastel (Isatis tinctoria L.), que pertence à família das couves ( Brassicaceae ). Este corante (indigotina) é obtido após um conjunto complexo de processos fermentativos (bactérias) e oxidativos (enzimas da própria planta e exposição ao oxigénio atmosférico).

O nome pastel deriva de uma etapa final do processamento das folhas, antes da secagem das mesmas, quando se manufaturam pequenas esferas pastosas. O pastel foi utilizado pelos pictos (latim picti = pintados), povo que habitou a região que hoje corresponde à Escócia e contra o qual os romanos construíram uma muralha defensiva (Muralha de Adriano), para pintarem o seus corpos, antes das batalhas, e, deste modo, causar maior pânico nos adversários – o pastel também tem propriedades anti-inflamatórias e hemostáticas que podem ter contribuído para justificar essa prática. Durante a Idade Média, o principal centro europeu de produção e comércio de pastel foi a cidade francesa de Toulouse, onde, ainda hoje, se encontram oficinas tradicionais que utilizam esta matéria-prima, assim como edifícios monumentais que testemunham o seu glorioso passado.


Em Portugal, foi no arquipélago dos Açores que o cultivo de pastel teve uma maior expressão económica (século XVI-XVII), sendo este período da história económica açoriana conhecido como Ciclo do Pastel. Este corante, juntamente com a urzela (líquen do qual se obtém um corante púrpura) eram as principais exportações do arquipélago.






Indigofera tinctoria – Planta de onde se extrai o índigo.Foto: Thinkstock





O índigo (anil). Esta substância já era conhecida dos europeus, mas a sua produção e preço não lhes tinham permitido competir com o pastel. O índigo, que dispensa o uso de mordentes (substâncias que auxiliam a fixação permanente dos corantes às fibras), tornou-se muito popular porque proporciona uma cor estável, que resiste à lavagem e à exposição solar, e produz uma variada gama de azuis.

O azul índigo pode ser obtido a partir de plantas pertencentes a vários géneros, sendo o género Indigofera o mais importante; neste, a espécie Indigofera tinctoria L., nativa da Índia e Sudeste da Ásia, é que tem uso mais generalizado. 
O nome do género foi escolhido por Carl Linnaeus (1707-1778), com base no grego indikón = azul-indiano (nome atribuído a um corante azul que provinha da Índia) e no sufixo latino -fera = que tem, que produz, ou seja, planta que produz azul-índigo.
A demanda europeia por índigo teve início no final do século XVIII e continuou durante todo o século XIX para responder às crescentes necessidades das indústrias de tecidos inglesa, europeia e norte-americana.
No Ocidente, o índigo é conhecido pela cor azul das calças de ganga (jeans), modelo 501, patenteadas, em 1873, por Levi Strauss (1829-1902) e que, a partir da última década do século XIX, começaram a ser tingidas de azul (atualmente, o azul das calças de ganga provém de anilinas). Nas décadas de 1960/1970, estas calças foram adotadas pelos jovens europeus e norte-americanos como um símbolo de rotura, um ícone de liberdade e emancipação ao qual o azul-índigo ficou associado. fonte:revistajardins]


Curiosidade: Newton, o inventor do 'espectro de cores', ao contrários dos seus contemporâneos que só 'viam' cinco cores no arco-íris acreditava que o arco-íris devia consistir de sete cores diferentes para coincidir com os sete dias da semana, os sete planetas conhecidos e as sete notas musicais. Defendeu que se acrescentasse o índigo, juntamente com o alanrajado, o que conseguiu.


Azul Marinho






Navy cadets in uniform, 1877. (Photo: Wikimedia Commons {{PD-US}})
















Conhecido como, 'azul marinho', o tom mais escuro do azul foi adoptado como cor dos uniformes dos oficiais e marinheiros britânicos da Marinha Real a partir de 1748.
Hoje em dia esses uniformes são de um tom de azul quase preto para evitar a descoloração.



Azul Prussiano





The Great Wave off Kanagawa” by Katsushika Hokusai, 1831. (Photo: Wikimedia Commons {{PD-US}})




Também conhecido como 'azul berlinense', o azul prussiano foi descoberto acidentalmente pelo tintureiro alemão Johann Diesbach que estava a criar um novo vermelho. Um dos seus materiais, a potassa, entrou em contacto com sangue animal e, em vez de fazer o pigmento mais vermelho, a reacção química produziu um azul vibrante.

Durante o seu, 'período azul', Picasso usou exclusivamente o azul prussiano. Também o japonês Hokusai o usou na icónica, A Grande Onda, bem como nas séries do Monte Fugi.
Em 1842 o astrónomo inglês, Sir John Herschel, descobriu que o azul prussiano tinha uma sensibilidade única à luz e era a tonalidade perfeita para criar cópias de desenhos. Esta descoberta foi valiosa para os arquitectos que criaram o que hoje conhecemos como, 'blueprints'.


IKB (international klein blue)



IKB 191”, 1962 by Yves Klein. (Photo: Christophe Brocas via Flickr (CC BY-NC-ND 2.0))




Em meados do século XX o artista francês Yves Klein desenvolveu um tom de azul ultramarino que considerou o melhor azul de sempre e patenteou com o seu nome.

Este azul profundo tornou-se a sua assinatura e pintou mais de 200 telas e esculturas monocromáticas com este matiz de azul.
Dizia, " O azul não tem dimensões. Está para além de todas as dimensões".


fonte principal: my modern met
tradução minha