Num acidente que talvez tenha sido um assassinato. É difícil acreditar na teoria do acidente. Das dez comissões parlamentares sobre Camarate, realizadas entre 1982 e 2011, oito foram peremptórias em apontar claramente que se tratou de um atentado.
Amaro da Costa que também ia no Cessna, tinha decidido proibir, na qualidade de ministro, a venda de armas a vários países, o que mexeu com interesses económicos de muitas pessoas.
“Adelino Amaro da Costa estava particularmente atento às operações de venda de armamento que envolviam o Estado português, tendo vetado várias operações (vendas à Indonésia, à Guatemala e à Argentina) e tendo pedido, a 2 de dezembro de 1980, esclarecimentos adicionais acerca da venda de armas ao Irão”, sublinha o referido relatório parlamentar.
Sá Carneiro afirma a necessidade do PSD se impor perante a detenção do poder por parte de poucos, daqueles que possuem o “grande capital” e dos membros da “tecno-estrutura”, isto é, uma classe burocrática que regula, de forma implícita, as estruturas económicas e sociais do país. Perante isto, a ameaça da existência de uma minoria que se procura destacar através de dogmas ideológicos levou a que o PSD se organizasse com o sentido de construir uma verdadeira democracia. É esta a voz de Francisco Sá Carneiro, que assume a rejeição do neoliberalismo, achando-o incapaz de resolver as vicissitudes da sociedade portuguesa, nomeadamente de resolver as questões do emprego, da inflação, do desemprego e da própria insegurança da população. No entanto, também assume que não basta assumir a redistribuição da riqueza existente e de uma política fiscal rigorosa. Defende uma reforma ainda mais profunda, capaz de reorganizar as relações de poder do país, silenciando a busca desenfreada do lucro em prol de algo mais capaz de dinamizar a sociedade como um todo, unido a economia aos direitos inalienáveis dos cidadãos e à sua própria de expressão cultural e educacional. Como tal, era a favor da Reforma Agrária, que possibilitasse a mais-valia dos trabalhadores, mas também da privatização de grande parte da indústria, que estava concentrada no Estado. https://comunidadeculturaearte.com/a-visao-social-democrata-de-francisco-sa-carneiro-para-portugal/
Discurso na Assembleia da República, em 1978.
Portugal necessita de um projecto mobilizador. É tempo de que este país encontre um rumo definido de recuperação e de desenvolvimento. Somos um país pobre em recursos materiais, mas mesmo os poucos que temos estamos a desperdiçá-los. Somos ricos em recursos humanos que se encontram abandonados. Só com uma política que em matéria de recursos nacionais privilegie a agricultura e as pessoas, que aproveite todas as potencialidades dos serviços e da indústria, conjugada com uma política de investigação científica e tecnológica, com uma política cultural, com uma política de educação, poderemos sair da situação dramática em que nos encontramos.Sá Carneiro foi uma espécie de estrela que brilhou muito rápida e intensamente e explodiu, literalmente. Cedo demais. Como seria o Portugal se ele tivesse governado o país mais que os 11 meses que teve antes de morrer? É impossível saber mas estaríamos hoje num lugar diferente porque ele tinha um projecto e um rumo para o país, tinha a vontade e tinha o povo com ele.