Um dos problemas das pessoas privilegiadas , pessoas que nasceram em contextos privilegiados com acesso a pessoas e bens de uma vida privilegiada é o de não terem consciência dessa situação e pensarem que o seu mérito -que pode ser grande- tem que ver apenas com capacidades intrínsecas. Porque é que isso é um problema? Porque não vêem razão para melhorar os contextos dos desprivilegiados dado que assumem o mérito como qualidades intrínsecas independentes do contexto sócio-cultural. Mesmo que muito se preocupem em ter políticas contra a fome e a pobreza, fazem-no mais por espírito de caridade do que por intenção de elevar o nível sócio-cultural das pessoas em geral, como forma de trabalhar para a equidade no acesso às oportunidades.
Uma pessoa nasce numa realidade dada e durante muitos anos é-lhe adesiva e não a vê como uma estrutra relativa e arbitrária. É mais tarde, se se tem experiência de vida, interesse por alargar o conhecimento e, acima de tudo, capacidade de reflexão, que se dá conta de que ter nascido num jardim luxuriante cheio de jardineiros é muito diferente de ter nascido em terra árida e desértica. Os obstáculos fisícos e psíquicos e os horizontes são incomensuráveis - qualitativa e quantitativamente diferentes: permissivos para uns e restritivos para outros.
João Maria Jonet
Longe de mim associar o comentário direitista pavloviano de J.M.T. com a sua origem social. Acho que tem capacidade para ser muito melhor.
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