Senão vejamos: é verdade que somos heróis, mais do mar que da terra e também é verdade que somos valentes - temos aí uns 600 anos de história a resistir à ganância invasora dos espanhóis -com um interregno de 60 anos...- em que marchávamos contra os canhões deles, sendo eles em números de muitos milhões e nós pouca coisa. O hino não é bélico, não diz para marcharmos para cima dos outros, para invadi-los, mas sim para não sermos cobardes, para marcharmos de encontro aos canhões dos outros se isso for o necessário para nos defendermos. Pode não ser pragmático e ser até muito imprudente, mas é bonito e quando resulta é heróico. Veja-se o caso da Ucrânia. Já fomos assim... e defendemos o mar, porque a maioria do nosso território é marítimo. Logo, está bem dito.
Também é verdade que ainda sentimos a história - e as 'brumas' foram ali bem postas dado o nosso patético sebastianismo... assim como é muito certeiro pedirmos à Europa que anuncie que Portugal não morreu, porque sem o seu endosso ninguém nos levava a sério nessa questão.
Quanto ao Oceano a rugir de amor, é inegável a nossa veia poética e a sua relação com o mar, meter água, afogar, etc. Quem não tem na memória a figura do poeta a salvar Os Lusíadas com um braço no ar enquanto nadava com o outro? E que dizer das nossa lágrimas feitas do Mar Salgado de Pessoa? E Antero de Quental, essoutro poeta, não escolheu o Oceano como despedida da paisagem da vida quando deu um tiro nos miolos?
Depois fala no sol e é verdade que somos o país do Sol - até temos uma canção sobre confiarmos tanto no sol que andamos sempre a cantar e nem reparamos que andamos nus.
Finalmente, fala nos beijos da mãe: toda a gente sabe que nenhum soldado foi para a guerra, para Angola e outros países africanos, sem levar no braço uma tatuagem, 'amor de Mãe'. Não é por acaso... logo, parece-me que o hino foi bem esgalhado e retrata-nos bem.
A bandeira ficou feia, com todo aquele verde islâmico e o encarnado de evocação comunista antes de tempo? Pois, por acaso ficou, mas também está bem, porque somos descendentes de mouros, gente islâmica do Norte de África e somos um bocado 'analfabrutos' como os comunistas, de maneira que está tudo bem.
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Data: 1890 Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil
I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
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Data: 1890 Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil
I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!