Num sistema de subjugação em que um país é canibalizado por outro, não há guerra, mas certamente não há paz. Não vejo como é que se pode obrigar a Ucrânia à aceitação da subjugação. É mais ou menos o mesmo que dizer a uma vítima de um agressor canibal, "olha, em vez de ajudar-te vamos negociar com o canibal o teu braço esquerdo de maneira que é melhor que te prepares para ficar sem ele em nome da nossa paz". Nem sempre é possível a negociação da paz com um inimigo, como um par na comunidade das nações e nesses casos a diplomacia é substituída pela força. Por exemplo, podia negociar-se dessa maneira com a Alemanha do Kaiser, que não era canibal, mas não com a Alemanha de Hitler. A Rússia exige a subjugação e desaparecimento da Ucrânia, enquanto a Ucrânia não quer subjugar ninguém, só quer ter o direito a existir nos seus termos que são os termos em que está inscrita na comunidade das Nações. Não se pode negociar com esta Rússia como se estivesse no mesmo plano e isto fosse um mero conflito entre países razoáveis.
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"... mantém-se válido que são os ucranianos quem tem de decidir o seu destino. São eles que vivem debaixo das bombas e da metralha. São deles as vidas que se perderam. Foram eles que demonstraram coragem e vontade de se afirmar como povo e como nação. O direito internacional está do seu lado. São eles que terão de ditar os termos da paz e decidir qual é o momento para a fazer. Ao mundo democrático e aos seus organismos coletivos compete ajudar como puderem. E evitar desabafos que só dão oxigénio ao czar de todas as Rússias."