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March 19, 2025

Um exemplo perfeito do pensamento de ideologia dogmática cega

 


O anti-wokismo é uma ameaça à liberdade

Pedro Adão e Silva

É extraordinário como, em nome de uma suposta resposta ao wokismo, se ultrapassam todos os limites no policiamento da linguagem

(...) há neste momento mais de duzentas palavras proibidas em documentos públicos, na sequência de diretrizes da Administração Trump. Da lista elaborada pelo New York Times constam termos como racismo, igualdade, socioeconómico, desigualdades e até mulher. Nunca a cultura de cancelamento foi levada tão longe.

O que torna evidente que o wokismo foi ativamente erigido a papão para tornar possível uma contraofensiva capaz de cercear o que é passível de ser enunciado. Mesmo que se possa identificar nos últimos anos uma tendência para a homogeneização do pensamento, que diminuiu o espaço para a dissensão e para a liberdade de pensamento, tratou-se de um movimento tímido, em importante medida ficcionado, e cujo alcance está bem distante do propalado.

De acordo com a nova ortodoxia, as universidades teriam sido o espaço de onde brotaria essa alegada cultura de cancelamento e de promoção do pensamento único, alavancada pela esquerda identitária.

Público

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Este senhor não se vê a si mesmo, porque tudo o que diz sobre os anti-wokes -que não é mentira- aplica-se como uma luva aos wokes que defende.

O título do artigo já mostra o seu dogmatismo. É que, se o anti-wokismo é uma ameaça à liberdade, o wokismo também o é e exactamente na mesma medida.

Vejamos: o wokismo policiou a linguagem ao ponto de proibir livros, de reeditar clássicos e obras de autores importantes modificando as palavras consideradas ofensivas. Andam aí milhares de livros clássicos adulterados. Há pouco tempo vi uma edição de um livro de Kant com um texto no frontispício a 'informar' que o autor era machista e de uma época que usava uma linguagem ofensiva... David Hume foi considerado persona non grata na universidade que leva o seu nome - ou talvez já não leve. A sua estátua foi partida. Os currículos das universidades foram obrigados a retirar autores e obras da sua lista porque não cumpriam os critérios wokes. Oradores foram proibidos de falar e dar confer~encias. Quem ia a aulas de certos professores era perseguido.

Cancelamentos? Professores foram despedidos liminarmente por se recusarem a censurar livros ou por não adoptarem a nova língua woke. Foram humilhados publicamente. Escritores tiveram a sua carreira arrasada porque os livros tinham palavras proibidas pelos wokes. J. K. Rawlings foi vilipendiada e cancelada pelos wokes e até por aqueles que fizeram a sua vida e carreira à conta dela, por defender que os homens biológicos que dizem ser mulheres não deviam poder invadir os balneários e casas de banho das mulheres e competir em desportos femininos. Quem não se lembra de, aqui mesmo em Portugal, um trans ter invadido o palco de um espectáculo onde um actor representava um trans com o argumento de que só um trans pode representar um trans. O actor foi despedido. Ou de deputados do Parlamento dizerem que as professoras mulheres tinham que ser obrigadas a aceitar alunos trans rapazes biológicos nas suas casas-de-banho para se converterem a wokes?

Portanto, não, não é verdade que a "homogeneização do pensamento, que diminuiu o espaço para a dissensão e para a liberdade de pensamento, se tratou de um movimento tímido." Há milhares de crianças e adolescentes a quem os médicos, com o acordo de pais wokes, fizeram cirurgias de transformação e destinaram a uma vida de doenças, sofrimento físico e mental. Há dezenas de casos de presos violadores que exigiram ser postos em cadeias femininas dizendo que são mulheres, para poderem violar mulheres. Vá pesquisar o que se passa no RU. Há queixas e petições em Inglaterra de enfermeiras que são assediadas por homens biológicos nos balneários das mulheres.

Se quisesse ser exaustiva, ficava aqui a noite toda a contar casos. A questão é que este Pedro Adão e Silva não consegue perceber que foi o fanatismo ideológico radical de uma certa esquerda que se usa dos trans e dos gays para ganhos políticos que fez surgir os radicais fanáticos da direita que agora fazem o mesmo, mas no outro extremo político. 

Para nós que estamos no meio, por assim dizer, que queremos defender os direitos dos gays e dos trans e outras minorias mas não queremos que os seus direitos ditem o fim dos direitos dos outros, nomeadamente o direito à liberdade e os direitos das mulheres, os wokistas radicais e os trumpis-muskistas vivem num fascismo equipolente completamente cego.

August 12, 2022