Não sou contra estas medidas parciais de confinamento que me parecem prudentes, mas tenho pena que não tenha havido prevenção e tenha havido tanta confusão acerca do que pode ou não ser autorizado. Milhares de pessoas à molhada em corridas de automóvel, festas pseudo-políticas, festas religiosas, tudo com milhares de pessoas. As festas pessoais (aniversários, casamentos, etc.,) deviam ter tido número máximo de pessoas para evitar o que se tem passado com reuniões familiares e de amigos. Também me parece ter havido um grande erro na abertura das escolas que deviam ter estado a funcionar, para os alunos mais velhos, a partir do 9º ano, por exemplo, em regime misto. Assim como deviam ter sido reduzidas as turmas para 16 alunos no máximo.
Se tivesse havido preparação não estaríamos agora com estas medidas de remediação, não haveria falta de professores para milhares de alunos, professores e alunos doentes com covid, hotéis e restaurantes a fechar todos os dias, etc.
Eu estou em confinamento há nove meses e meio. Nestes meses já fui à praia, fui comer fora umas 4 vezes, fui a dois espectáculos de música. Agora, vou uma vez por semana ao mercado, logo pela manhã, mais para andar a pé e apanhar ar fresco. Estes hábitos impu-los a mim mesma, apesar de ouvir durante meses as autoridades dizerem que não fazia mal sairmos e andarmos sem máscara em sítios cheios de gente. O primeiro-ministro agora queixa-se da falta de responsabilidade das pessoas, mas ele foi o maior responsável por essa irresponsabilidade. Durante muito tempo, ele, pessoas do governo, da AR, autoridades de saúde e outros deram um péssimo exemplo.
Se tivessem dado ordem às escolas para fazer um regime misto e reduzir o número de alunos por turma e dar um horário compatível com a doença, eu e mais uns milhares de professores com doenças estávamos a trabalhar em vez de estarmos em casa e, em muito casos, os alunos sem professores.
Nisso o primeiro-ministro é responsável, porque escolhe ministros boys, moços de recados para não ter críticas que o incomodem, e mesmo depois de ver como são imprestáveis, deixa-os estar e é por isso que tudo anda mal feito em todo o lado: é porque estamos a pagar a incompetentes. Vê-se que o primeiro-ministro anda cansado. Se tivesse ministros competentes a fazer o trabalho, que é para isso que há ministérios, tudo seria diferente. O Presidente também podia ter feito o seu papel, que não fez. Foi mais um yes-man.
No entanto, neste momento, uma vez que as coisas não foram preparadas e estão a descambar, mais vale fazer estes confinamentos parciais e ir remediando a situação do que fechar o país todo outra vez, porque aí não morremos da doença mas da cura.