Considere treinar um rato a navegar por dois caminhos quase idênticos num mundo virtual para encontrar recompensas. No início, os seus movimentos são desajeitados e o seu cérebro tem dificuldade em distinguir os percursos mas, à medida que aprende, algo notável acontece no seu hipocampo - o centro de navegação do cérebro.
Utilizando imagens cerebrais avançadas, os cientistas registaram a atividade de milhares de neurónios nesta região, descobrindo um processo oculto. No início, as respostas dos neurónios a ambos os caminhos eram muito semelhantes, tornando difícil a distinção entre eles. No entanto, com a aprendizagem, o cérebro “descorrelacionou” gradualmente estes padrões neuronais, desembaraçando-os até cada caminho ter uma representação distinta. Essencialmente, o hipocampo transformou-se num sistema organizado - como uma máquina de estados - onde diferentes grupos de neurónios responderam de forma única a cada passo da tarefa.
Esta transformação foi impulsionada por “células de estado” especiais que surgiram para representar condições específicas da tarefa.
As descobertas sugerem que o hipocampo constrói mapas cognitivos inferindo estados ocultos no ambiente - um princípio fundamental que poderia inspirar uma inteligência artificial mais semelhante à do cérebro.
