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April 08, 2023

Vão dar baixa à garrafeira e depois dizem baboseiras

 


Qual é a parte das contestações sociais que não param desde o início do ano que este senhor não vê? Um nível de alienação destas só existe dentro do PS e quejandos. Se ele dissesse, 'O governo tem maioria e as pessoas do universo PS andam contentes'... bem isso já se percebia.


"O Governo tem maioria e as pessoas andam contentes"


O economista admite que ‘Portugal atingiu um certo nível e está confortável e que isso chega às pessoas’. E diz que o 'Governo só faz asneira atrás de asneira, não apresenta uma ideia com pés e cabeça e ainda por cima desdiz-se sucessivamente'.

September 18, 2022

Porque é que as pessoas não se informam antes de virem dizer baboseiras sobre as escolas para os jornais?

 


Este mulher é economista. Devia ter algum rigor, não? Vai buscar umas tabelas e a partir daí defende que em Portugal a escola devia começar no mesmo dia para todos, mas ao mesmo tempo não, porque devia estar escalonada para ela e outros pais não apanharem muito trânsito, que aqui há férias a mais e todas no mesmo período e que devia ser a tempo inteiro para os alunos mais novos. Sendo economista, não devia estar a pensar em soluções para que os pais não tenham uma vida que os obrigue a ter os filhos o dia inteiro na escola ou para melhorar a vida das pessoas de maneira que não tenham que viajar horas em trânsito infernal? Pois, mas não, do que ela gosta é de dizer coisas sobre a educação. 

Em primeiro lugar as pausas das escolas têm que ver, em parte, com a Geografia: os países do Norte têm pausas a que chamam férias de neve e muitos têm uma semana de pausa, mês sim, mês não, para além do Natal e Páscoa. Os países do sul têm mais férias no Verão que são férias de praia. No Brasil têm as férias grande no Natal, que é o Verão deles.

Em segundo lugar, as aulas não começam todas no mesmo dia, nem podem começar e, muito menos a 29 de Agosto, que é um exemplo que ela dá, por causa dos exames.
Em França, por exemplo, que é um país que cita, os exames são feitos em 2 dias em Maio e depois 3 dias em Junho - acabam a 21 de Junho. Para os que faltam ou que têm nota entre 8 e 10 há um dia só de exames orais (1 de Julho). Lá para dia 15 de Julho está tudo acabado, exames corrigidos, notas afixadas (já agora, aproveito para dizer que eles em França ganham 5€ por cada prova corrigida e 9.5€ à hora nas orais - nós aqui, zero).
Adiante, a 20 de Junho, mais coisa menos coisa, estão eles a acabar os exames, é quando começamos aqui a 1ª fase de exames que vai até ao fim do mês. Depois temos uma segunda fase de exames. Este ano a segunda fase acabou a 27 de Julho, o que significa que estamos a corrigir exames já por Agosto dentro.
As notas aqui foram afixadas a 5 de Agosto (em França têm 20 dias para classificar as provas, aqui podem ser só 4 dias - nem vou explicar o que isso significa porque nem vale a pena).
A seguir começa a fase de reapreciação de provas, que hoje em dia quase todos os alunos pedem (meteram-lhes na cabeça que ter positiva é um direito) - as notas da reapreciação são afixadas a 29 de Agosto - quer dizer que há professores a trabalhar a maior parte do Agosto - para além dos outros que estão a fazer os horário do ano que vem (que só podem ser acabados depois de se ter certas informações dos exames), os que estão a fazer as turma do ano que vem e outros trabalhos que estas luminárias pensam que se fazem sozinhos. Geralmente ainda há uma segunda época de exames no início de Setembro que mobiliza outra vez um grande número de professores. 

Portanto, não é possível, a não ser que defenda que os professores percam o direito às férias, que as aulas comecem no dia 29 de Agosto ou a 1 de Setembro, a não ser em alguma escola que tenha 100 alunos e nenhum a fazer exames ou que tenha 200 alunos onde 30 fazem exame, o que é raro porque decidiram juntar escolas e fazer agrupamentos com milhares de pessoas para poupar dinheiro. 

Há escolas com 1500 alunos onde 700 fazem exames. Vou explicar devagarinho: os exames requerem uma equipa de professores ao serviço para organizar a realização das provas (parte logística, material e humana) com todo o aparato judicial e policial que hoje em dia caracterizam os exames nacionais. Também requer, para cada sala, dois professores vigilantes, com os respectivos suplentes para o caso de faltas. Eu sei que esta senhora pensa que nas escolas só se 'dá aulas' e depois temos 3 meses de férias como corre por aí, mas não: há muito trabalho a ser feito no final do ano e há escolas onde a maioria dos professores estão ao serviço dos exames até muito tarde, de maneira que só depois de tudo findo se podem fazer os outros trabalhos. Acresce ainda que em cada concelho há uma escola onde funciona o Agrupamento de Exames, que é quem escolhe e distribui os exames pelos correctores do concelho, faz e desfaz o anonimato das provas e trata das disposições legais das correcções. No meu concelho isso é feito na minha escola. De maneira que não é possível acertar as datas de início para todas as escolas e por isso há um intervalo de datas, consoante os serviços e a dimensão das escolas. Também não é possível começar as aulas a 1 de Setembro dado todo este trabalho - para não falar de haver 2ª época de exames em Setembro. Há países que têm o sistema simplificado, como a França e outros que o têm complicado, como nós, a Espanha ou Inglaterra, por exemplo.

Finalmente, as apresentações de que fala como se fossem pretextos que os professores inventam para atrasar o início das aulas, são muito importantes para os anos de início de ciclo (os 1ºs, os 5ªs, os 7ºs, os 10ºs) dado que a maioria dos alunos são novos na escola e os pais também. A própria mudança de ciclo é de difícil adaptação e gera ansiedade, de maneira que esse encontro que os alunos têm com os professores e em especial com o director de turma no início do ano (e que alguns directores têm com os pais desses anos), faz diferença: para se conhecerem uns aos outros, para conhecerem a escola e as suas valências e para se sentirem acolhidos.

Para a próxima vez, porque não pergunta antes de escrever? Vai buscar uma tabela qualquer e depois, mesmo sabendo que as tabelas não valem sozinhas por si, põe-se a vomitar opiniões. Nada na educação é simples, muito antes pelo contrário, é tudo bastante complexo, mas estas pessoas que estão por fora de tudo -e isso vê-se logo assim que se começa a ler o que escrevem-, sentem-se graduadas para falarem em vez dos especialistas, que somos nós.