Estou a ver na RTP África uma reportagem sobre a desflorestação da Amazónia. A repórter sobrevoa a Amazónia brasileira e em vez do manto verde ininterrupto, o que vemos é uma manta de retalhos verde e castanha, sendo o castanho as centenas de milhar de quilómetros quadrados arrasados e queimados para plantar dendê (biocombustível) e soja. São 17% da Amazónia que estão desmatados e plantados com os assentamentos humanos necessários para o tratamento e extracção das matérias primas.
A Amazónia é um dos locais do planeta fundamentais à preservação da vida e o Brasil é um país irresponsável na sua preservação.
Pessoalmente, penso que todos os locais fundamentais à preservação da vida no planeta, aqueles cuja perda acarreta consequências imediatas e graves para a biodiversidade e o equilíbrio climático (captura de carbono) deviam ser mapeados e reconhecidos como locais de pertença do planeta, sendo os governos dos países que os incluem, apenas donos-gestores bioessenciais desses espaços e não proprietários exclusivos - esses bens não são propriedade de uns mas de todos nós. Não se pode dar a esses donos do acaso o poder de lhes fazer o que lhes vai na gana, dado termos uma enorme quantidade de líderes ignorantes, estúpidos e gananciosos, logo, irresponsáveis, a serem eleitos todos os anos por esse mundo fora e o risco de nos destruirem a todos é grande.
A operacionalização deste sistema seria difícil, claro, e necessitaria de um orgão do género ONU (não esta ONU guterriana que serve interesses desses mesmos irresponsáveis) dedicada a esta questão. Provavelmente esses países teriam de ser compensados pela não destruição destes ecossistema cruciais ao planeta. Porém, é minha convicção, já há uma dúzia de anos, ou mais, que sem uma intervenção deste género, esses estúpidos e os gananciosos que os adejam acabarão por destruir o planeta, desde a Amazónia às floresta da Indonésia e da África, das florestas boreais aos recifes de corais e aos mantos de gelos do Ártico.
Paralelamente, temos de decrescer (o nível de consumismo é suicida) e crescer melhor. Crescer melhor implica investimento na Ciência Fundamental (a que nos possibilita evolução epistemológica, a partir da qual se desenvolvem novas e melhores técnicas e práticas) e na investigação científica; o que, por sua vez, implica investir na educação. O crescimento dos certificados-iletrados, dos quais Trump é um grande exemplo vai a par da decadência da qualidade da educação, substituída pela certificação à toa.
Um país ter uma floresta húmida no seu 'quintal' é como um particular ter uma Anta pré-histórica no seu. É o seu dono porque está no seu território, mas não é o seu proprietário porque aquele bem pertence-nos a todos e tem de geri-lo no interesse de todos.
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