Mesmo que aceitemos, como princípio básico da verdadeira democracia, que um idiota é igual a um génio, será necessário dar mais um passo e afirmar que dois idiotas são melhores do que um génio?”
- Leó Szilárd (1898-1964), A Voz dos Golfinhos: E Outras Histórias
Wisdom Letter
Questão
A sua questão é interessante e vagueará na mente de todos aqueles que têm dúvidas racionais (o que quer que isso queira dizer) sobre a democracia e sobre os encantos do sufrágio universal. A minha resposta à sua (dupla) pergunta (por mais que me retorça) é "sim" e "não", por esta ordem. Ou - será que posso? - "sim" e "sim".
ReplyDeleteRelativamente à pergunta do Sr. Szilárd: dois idiotas não são melhores do que um génio, mas podem valer mais, ou ter mais poder, do que um génio.
Esta questão tão difícel vem de longe, desde Platão, como calculo que saiba, e foi a pensar nela, penso, que Churchill disse que a democracia é o pior dos regimes à excepção dos outros todos. O problema é que um regime onde os mais ou melhor informados governassem não oferece nenhuma garantia de ser acompanhado de virtude, de respeito pelos direitos dos outros e não desembocasse numa ditadura.
DeleteE suscita outra "preocupação": quem são "os mais ou melhor informados"? Como se afere o grau de informação de cada pessoa e se determina se essa pessoa é elegível para fazer parte de uma certa "aristocracia" (no sentido grego do termo)? Se calhar já decidi pela resposta à sua dupla pergunta: "Sim" e "sim" - opto pela condição "e".
Deletepenso que melhor informados se refere a pessoas que têm conhecimentos sobre os assuntos que têm que decidir. Como um ministro das finanças ter conhecimentos de finanças, por exemplo. Porém, ter conhecimentos é necessário mas não suficiente para ter sabedoria, a decidir políticas. A sabedoria que tem que ver com saber pensar e ponderar é outro assunto. Portanto, sim, à sua preocupação, também partilho dela.
Delete