February 16, 2025

Este artigo acerca de Pinto da Costa explica muito do país que somos

 


Quem não saiba que o futebol português é o maior trampolim de corrupção do país; quem não saiba que se fala lá mais de prostituas e subornos do que do desporto; quem não saiba que Pinto da Costa foi o Padrinho do futebol português durante dezenas de anos, com dezenas de casos de encomenda de sovas, subornos, vinganças violentas, comércio de prostíbulos, políticos no bolso, etc. e leia este editorial pensará que ele foi o Afono Henriques, tal a glorificação com termos como «abençoado» e «brasão», e não o capo da máfia que foi.

Glorificam-no porque tornou o FCPorto cheio de títulos ganhos com virtude e ele mesmo, Pinto da Costa, um modelo social de empreendorismo para a juventude, que engrandece o país? Não, só a parte dos títulos e de ser temido. Sim, ele foi uma figura importante no país durante décadas mas pelas razões erradas.

Este artigo explica muito do país que somos, da tolerância à corrupção e da glorificação dos corruptos. Não somos diferentes dos russos que adoram Putin ou Estaline ou dos americanos que adoram Trump e Musk. É triste.


Editorial: Disse à gente o que é ser nobre e leal

Direção

Pinto da Costa desafiou todas as probabilidades. Desde sempre. Desde cedo. Alcandorou um clube que não brilhava nos escaparates do regime à condição planetária, fê-lo com uma rebeldia refinada, cumprindo o desígnio de uma instituição que, durante tanto tempo, se confundiu com ele. Dizendo à gente o que é ser nobre e leal. Quantas vidas cabem em 42 anos de glórias?

Jorge Nuno Pinto da Costa foi a figura maior de uma vontade popular difícil de corporizar. Sangue, suor e lágrimas. O F. C. Porto que carregava para todo o lado congregava-se, por sua inspiração e teimosia, na cidade e na região, tornando ainda maior esse sonho azul que não morreu consigo. Ser presidente do Porto não foi apenas ser presidente do Porto. Pinto da Costa tornou-se, de longe, na personalidade mais marcante da história do futebol português.

A doença venceu-o no derradeiro combate da vida. Mas o que fica para a posteridade é a memória de um homem que se converteu numa lenda. A eterna mocidade forjada num brasão abençoado.
(excertos)

2 comments:

  1. Um editorial da Direcção bem elaborado, sincero e verdadeiro!

    Cumprimentos,
    João Moreira

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