Tudo bem para nós desde que essas referências fossem as da publicidade e servissem essencialmente para manter a máquina económica a funcionar e transformar os ditos futuros cidadãos em verdadeiros futuros consumidores, mas a máquina de produzir conteúdos escapou-nos e hoje acordamos com uma sociedade comunitária em que a pertença é forjada por algoritmos.
Todos se comoveram com as imagens atrozes que circularam nos últimos dias a partir de Israel e de Gaza. Mas o mais assustador é, sem dúvida, o facto de em França, como noutros países europeus, essas imagens terem servido apenas para galvanizar indivíduos com emoções selectivas.
Todos se comoveram com as imagens atrozes que circularam nos últimos dias a partir de Israel e de Gaza. Mas o mais assustador é, sem dúvida, o facto de em França, como noutros países europeus, essas imagens terem servido apenas para galvanizar indivíduos com emoções selectivas.
A cada um o seu morto. Cada um à sua "comunidade", transfronteiriça, de origem ou de religião. Quem não vê que este processo ameaça tornar impossível a própria ideia de nação francesa, uma nação multiétnica fundada numa cultura comum que transcende a diversidade de religiões ou de origens?
O projeto político da República exige o distanciamento das "identidades" em nome da pertença à comunidade nacional como metáfora da comunidade humana.
O mecanismo das redes sociais é de partição étnica ou religiosa, de exacerbação das diferenças e dos ódios.
Só os indivíduos que adquiriram os anticorpos contra esta lógica entorpecente e mortífera, antes de se verem confrontados com ela, podem proteger-se dos seus efeitos perversos. Mas as sociedades ocidentais ainda não parecem ter-se decidido a tirar as conclusões necessárias para preservar o que resta da democracia e da paz civil.
Editorial de Natacha Polony - Marianne
Editorial de Natacha Polony - Marianne
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Este editorial é interessante a toca nalguns pontos fulcrais como a questão das redes sociais ditarem narrativas de manipulação das emoções até ao paroxismo do ódio. Esse modo de mostrar os acontecimentos pelo exacerbar das emoções e das empatias/aversões com as religiões, os ódios étnicos, enfraquece o juízo racional, não favorece o pensamento, a procura de conhecimento das situações, a reflexão sobre os assuntos e o encontrar de soluções.
Dito isto, a verdade é que, nem todos os imigrantes que estão na Europa causam distúrbios regularmente. O único grupo que causa distúrbios regular e sistematicamente é o dos islamitas. E dizer isto não é islamofobia, são os factos. Os brasileiros, os africanos dos palops, os israelitas, os asiáticos -sejam indianos ou chineses, que têm grandes comunidades- não são causa de perturbação social. Ou integram-se na sociedade, como os judeus, os brasileiros e os indianos, ou mantêm-se à parte, como os chineses, que não se misturam mas, nem num nem noutro caso andam por aí a espalhar ódio, a pressionar para que as sociedades laicas se modifiquem por causa das suas religiões. O único grupo que é causa sistemática de perturbação social são os islamitas. E estes são os factos. Infelizmente, a maioria da comunicação social é cega aos factos e também faz propaganda e inflamação de ódios porque é o que vende.
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