November 02, 2023

Meias-verdades

 


A nossa concepção puramente consumista da democracia levou-nos a considerar normal que as crianças e os jovens fossem bombardeados com discursos e referências que estão em concorrência directa com o que pretendemos transmitir-lhes no seio da Nação e de cada família. 
Tudo bem para nós desde que essas referências fossem as da publicidade e servissem essencialmente para manter a máquina económica a funcionar e transformar os ditos futuros cidadãos em verdadeiros futuros consumidores, mas a máquina de produzir conteúdos escapou-nos e hoje acordamos com uma sociedade comunitária em que a pertença é forjada por algoritmos.
Todos se comoveram com as imagens atrozes que circularam nos últimos dias a partir de Israel e de Gaza. Mas o mais assustador é, sem dúvida, o facto de em França, como noutros países europeus, essas imagens terem servido apenas para galvanizar indivíduos com emoções selectivas. 
A cada um o seu morto. Cada um à sua "comunidade", transfronteiriça, de origem ou de religião. Quem não vê que este processo ameaça tornar impossível a própria ideia de nação francesa, uma nação multiétnica fundada numa cultura comum que transcende a diversidade de religiões ou de origens? 
O projeto político da República exige o distanciamento das "identidades" em nome da pertença à comunidade nacional como metáfora da comunidade humana. 
O mecanismo das redes sociais é de partição étnica ou religiosa, de exacerbação das diferenças e dos ódios. 
Só os indivíduos que adquiriram os anticorpos contra esta lógica entorpecente e mortífera, antes de se verem confrontados com ela, podem proteger-se dos seus efeitos perversos. Mas as sociedades ocidentais ainda não parecem ter-se decidido a tirar as conclusões necessárias para preservar o que resta da democracia e da paz civil.

Editorial de Natacha Polony - Marianne

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Este editorial é interessante a toca nalguns pontos fulcrais como a questão das redes sociais ditarem narrativas de manipulação das emoções até ao paroxismo do ódio. Esse modo de mostrar os acontecimentos pelo exacerbar das emoções e das empatias/aversões com as religiões, os ódios étnicos, enfraquece o juízo racional, não favorece o pensamento, a procura de conhecimento das situações, a reflexão sobre os assuntos e o encontrar de soluções.
Dito isto, a verdade é que, nem todos os imigrantes que estão na Europa causam distúrbios regularmente. O único grupo que causa distúrbios regular e sistematicamente é o dos islamitas. E dizer isto não é islamofobia, são os factos. Os brasileiros, os africanos dos palops, os israelitas, os asiáticos -sejam indianos ou chineses, que têm grandes comunidades- não são causa de perturbação social. Ou integram-se na sociedade, como os judeus, os brasileiros e os indianos, ou mantêm-se à parte, como os chineses, que não se misturam mas, nem num nem noutro caso andam por aí a espalhar ódio, a pressionar para que as sociedades laicas se modifiquem por causa das suas religiões. O único grupo que é causa sistemática de perturbação social são os islamitas. E estes são os factos. Infelizmente, a maioria da comunicação social é cega aos factos e também faz propaganda e inflamação de ódios porque é o que vende. 

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