June 01, 2023

O discurso sobre a educação está num nível medíocre de slogans

 


De vez em quando aparecem estes acólitos do ME com a conversa de sempre e os comentários estão de acordo com o artigo. 
Esta professora escreve que é contra a retenção de alunos, como se alguém fosse a favor de reter alunos...
Escreve que Domingos Fernandes tem feito um trabalho grande de explicar que há diferentes tipos de avaliação... a sério?? Se ele não dissesse, nós professores que temos quase todos mais de 50 anos e andamos nisto há décadas a fazer todo o tipo de avaliações nunca adivinharíamos... 
 Esta professora diz, como se fosse grande novidade, que os alunos que ficam para trás não beneficiam dessa retenção. Pois, todos sabemos isso, obrigada (embora comparar a retenção à perda dos pais me pareça um absurdo abaixo da crítica séria). 
O que esta professora não diz é que não ficar retido estando num nível de aprendizagem muito baixo também não beneficia o aluno. Este é que é o problema: as políticas educativas do ministro são de tal ordem que chumbar, sobretudo sendo-se pessoa de contextos desfavorecidos não ajuda mas passar também não. É igual. 

Porque é que é igual? Porque esta políticas não têm como fim capacitar os alunos para poderem ser autónomos e fazer escolhas autónomas. Têm como fim certificar e melhorar as estatísticas. 

Vejamos: num colégio particular onde os alunos têm um contexto rico (de conhecimentos, de apoios e de experiências positivas) as turmas têm 12 ou 15 alunos no máximo; na escola púbica onde quase tudo lhes falta em casa, estão empacotados em turmas de 30 alunos ou mais, quando é preciso, com professores que têm excesso de turmas e alunos (há imensos professores com 300 ou 400 alunos) e uma carga burocrática infernal. 
Naturalmente, se é para enfiarem esses alunos todos nas turmas e matarem os professores com excesso de alunos, não é possível dar-lhes condições de progressão que compensem todas as faltas e problemas que trazem dos seus contextos. Logo: passa-se o aluno de qualquer maneira para ninguém perceber que a inclusão é uma farsa.

O ME com as suas políticas incentiva os alunos a faltar, a não estudar e a tomar a escola como uma estação de comboio obrigatória para ter um certificado. Quando um aluno passa podendo faltar a 75% das aulas... as faltas já não podem aparecer nas pautas para que não se veja que têm 500 ou 700 faltas... Vêm falar em projectos Maia ou projectos Ubuntu, mas que interessa isso numa escola que desistiu dos seus alunos? Os alunos não passarem não os ajuda, mas passarem em condições de não terem frequentado as aulas nos anos anteriores e estarem completamente desfasados dos outros em termos de conhecimentos e de percepção de si e das suas capacidades, também não os ajuda nada.

Temos um país que deixa centenas de milhares de famílias na pobreza e que reduziu a escola pública ao mínimo dos mínimos de tal modo que chumbar ou passar é igual, de maneira que evidentemente, nesta condições, o melhor é passar. 

Portanto, este ministro não tem soluções, só medidas demagogas. O que é difícil é valorizar a carreira dos professores, dar-lhes autonomia e dar condições para que a escola possa compensar o que falta aos alunos em casa: professores, mentores, explicadores, actividades extracurriculares. Só que isso custa dinheiro, de maneira que o ME prefere mandar passar todos de qualquer maneira e depois culpar os professores. 

Portanto quando esta colega vem dizer com grande pompa e circunstância que é contra o chumbo como se isso fosse uma grande posição de coragem e como se nós fossemos a favor, pergunto a mim mesma como é que o discurso sobre a educação se tornou tão estéril ao ponto de se reduzir aos mesmos slogans?

Enfim, no tempo da Lurdes Rodrigues também havia muito professores a favor dela de modo que...











4 comments:

  1. Pois eu até acho - sou anti pedagógica - que as retenções são necessárias em anos de final de ciclo. Se há competências que não foram adquiridas, só prejudicamos o aluno se o transitamos para o ciclo seguinte o qual pressupõe as mesmas competências e se ergue sobre elas (estamos a negar-lhes a progressão). Por outro lado, e apesar de serem admitidos ritmos diversos de aprendizagem, há muita razão para um hipotético desinteresse. Mas é como diz, em turmas grandes e com um professor desautorizado, quem tem tempo para tais averiguações.. Não é bom chumbar, mas não se diz que crescemos com os erros?! A facilidade de passar sempre é um dos males do actual processo de ensinar-aprender. Mas há tantos. Perdem os alunos. Perde o futuro.

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  2. Seria benéfico reter no final de ciclo se houvesse uma política de incentivo à frequência das aulas, ao estudo e de ajudar os alunos a recuperar, mas se houvesse eles não chumbavam em primeiro lugar...

    Um professor desautorizado? Os professores foram e são desautorizados, intencionalmente, com motivos de proletarização, pelos ministros da educação e por toda essa gente que adeja em seu redor.

    Não é nas escolas que isso se passa. Não tenho essa experiência e do que vejo dos colegas também não. Há sempre alunos que passam o risco, o contrário é que seria de admirar. Lidamos com pessoas e algumas são muito mal formadas. Agora, eu tenho estratégias muito bem pensadas e experimentadas de evitar essas situações e lidar com elas quando acontecem. E os meus colegas também.

    A ideia de que somos todos ignorantes e incompetente e só queremos é chumbar alunos é veiculada pelos ministros e por ignorantes (os professores universitários são dos piores nisso) e gente que quer protagonismo e poder.

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  3. Eu queria saber uma coisa: será que reter alunos no superior os beneficia? Porque não estender esta passadeira até, sei lá!, pelos menos a licenciatura? É que, convenhamos, se se habituam os alunos a este esquema mental durante o básico e o secundário, mudar as regras e obrigá-los a estudar e a ir às aulas é muito violento para quem nunca o fez.

    Em suma, está colega, se não é idiota, escreveu um texto idiota para idiotas.

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    1. Desde que a educação passou a ser uma mera funcionalidade independente dos saberes, a questão de saber se os estudantes sabem tornou-se irrelevante.

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