A senhora da Confap gosta muito de dizer mal de professores. Quando a representante dos pais dá este exemplo de maledicência constante das escolas e dos professores, depois não é de admirar que os pais falem aos professores como se os professores fossem bandidos.
Lê-se o título e fica-se com a ideia que as escolas organizam viagens de discriminação e que dizem aos alunos que não querem saber dos que não podem ir. Isto é uma desonestidade muito grande. Só quem não está nas escolas é que não sabe o trabalho e a responsabilidade de organizar visitas ao estrangeiro. E o trabalho fora de horas que a preparação implica, com inúmeras reuniões de pais.
Vejamos, o primeiro-ministro desloca-se num carro pago pelo público que custará 100 mil euros, por exemplo. Deve ser proibido dado que a maioria dos portugueses não tem dinheiro para um carro desses?
Agora, não cabe aos professores resolverem a situação económica das famílias. Cabe ao governo e se o ministério da educação quer financiar os alunos carenciados, chegue-se à frente e diga que paga essas viagens, em vez de publicarem artigos a dar a entender que os professores é que têm de resolver os problemas económicos das famílias.
Os professores tentam sempre que todos os alunos possam ir, mas uma coisa é fazer uma viagem de ida e volta, no mesmo dia, dentro do país, onde geralmente se consegue arranjar algum dinheiro e muitos vezes são os professores que pagam a viagem se é só um aluno a não poder ir, outra coisa muito diferente é esperar que os professores paguem 600 euros de cada aluno cuja família não pode pagar.
E então, quando um ou dois alunos de uma turma não podem ir, a solução é proibir todos de irem? Se um não pode ter essa experiência, nenhum pode?
Vejamos, o primeiro-ministro desloca-se num carro pago pelo público que custará 100 mil euros, por exemplo. Deve ser proibido dado que a maioria dos portugueses não tem dinheiro para um carro desses?
Há alunos que todos os dias vêm para a escola com os mesmos sapatos de ténis que usam para tudo porque não têm dinheiro ou têm fatos de treino que custaram dez euros porque não têm dinheiro. E sofrem com isso de ver outros com roupas de marca. Também é culpa dos professores e sua responsabilidade angariar dinheiro para irem todos com roupas de qualidade? Ou os que têm dinheiro para ter roupas de melhor qualidade devem ser proibidos de as usar para não ofender os outros?
Isto é o comunismo em acção ou chegámos ao ponto de o ministro da educação, o primeiro-ministro e o governo atirarem para cima dos professores a responsabilidade do descalabro desta governação que empobrece o país todo [menos aqueles especiais de quem o governo gosta]?
Mas está tudo doido? Então cabe-nos a nós resolver os problemas económicos das famílias?
A mim o que me espanta já não é a desonestidade de quem governa, nem sequer a falta de bom senso da senhora da Confap ou deste Flinto. O que me espanta verdadeiramente é que neste contexto de ataque tão forte aos professores por parte do governo ainda haja professores que organizem visitas de estudo e se sujeitem a ofensas constantes, por uma actividade que tanto trabalho dá, que consome horas e horas de trabalho não pago e nem sequem reconhecido! Antes pelo contrário, como se vê aqui neste artigo.
Escolas públicas organizam visitas de estudo que deixam alunos carenciados de fora
Para o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), "ninguém pode ficar de fora" de uma viagem organizada pela escola, que é diferente das viagens de finalistas do 12.º ano.
Quando a professora de Francês anunciou, na aula, a viagem a Paris deu a ideia de que iríamos todos. Fiquei super entusiasmada, mas depois percebi que não era assim", recordou em declarações à Lusa a rapariga que então estava no 9.º ano.
A viagem custava cerca de 500 euros e, do lado da escola, "ninguém se mostrou preocupado" nem tentou perceber se Teresa "gostaria de ir e se seria possível arranjar uma forma de lhe pagar a viagem".
Naquela semana de aulas, Teresa ia todos os dias para a secundária, enquanto os colegas visitavam museus e conheciam bairros parisienses.
Foi desta mesma forma que pensou António Silva quando as professoras da Escola Secundária Infanta Dona Maria, onde estuda a filha, admitiram que não se iriam preocupar com quem não pudesse pagar a viagem.
Num documento escrito entregue às famílias declararam: "Relativamente à situação de alunos/famílias sem condições para custear a visita de estudo, não nos compete a nós, professoras organizadoras, resolvermos esta questão".
"Uma visita de estudo não tem caráter obrigatório, mas é recomendável e choca-me que a professora diga que só vai quem pode. Para mim, este não é o papel da escola, nem sequer devem estar a criar expectativas sem saber se as famílias podem ou não ir", desabafou.
Escolas públicas organizam visitas de estudo que deixam alunos carenciados de fora
Para o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), "ninguém pode ficar de fora" de uma viagem organizada pela escola, que é diferente das viagens de finalistas do 12.º ano.
Quando a professora de Francês anunciou, na aula, a viagem a Paris deu a ideia de que iríamos todos. Fiquei super entusiasmada, mas depois percebi que não era assim", recordou em declarações à Lusa a rapariga que então estava no 9.º ano.
A viagem custava cerca de 500 euros e, do lado da escola, "ninguém se mostrou preocupado" nem tentou perceber se Teresa "gostaria de ir e se seria possível arranjar uma forma de lhe pagar a viagem".
Naquela semana de aulas, Teresa ia todos os dias para a secundária, enquanto os colegas visitavam museus e conheciam bairros parisienses.
Foi desta mesma forma que pensou António Silva quando as professoras da Escola Secundária Infanta Dona Maria, onde estuda a filha, admitiram que não se iriam preocupar com quem não pudesse pagar a viagem.
Num documento escrito entregue às famílias declararam: "Relativamente à situação de alunos/famílias sem condições para custear a visita de estudo, não nos compete a nós, professoras organizadoras, resolvermos esta questão".
"Uma visita de estudo não tem caráter obrigatório, mas é recomendável e choca-me que a professora diga que só vai quem pode. Para mim, este não é o papel da escola, nem sequer devem estar a criar expectativas sem saber se as famílias podem ou não ir", desabafou.
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