Nesta artigo, este senhor defende que o problema do país é a quantidade de funcionários públicos (700 mil) que não trabalham para os cidadãos e compara a situação actual com os anos 60 do século passado onde o número de funcionários públicos eram 200 mil e tudo era melhor(?). A máquina, como ele sabe, não trabalha por si mesma, pois há quem a lidere, organize e lhe dê instruções.
Este senhor, fez toda a carreira na administração pública - secretário de Estado de Santana Lopes, vice-presidente da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, Director-Geral Adjunto do secretariado do Governo português em virtude da adesão à então Comunidade Económica Europeia, chefe do gabinete do comissário europeu Cardoso e Cunha, director das tecnologias de energia no seio da Direcção-Geral para a Energia, Director das energias convencionais na Direcção-Geral para a Energia e Transportes da Comissão Europeia e sei lá mais o quê...
Porém, queixa-se da função pública não funcionar e compara o incomparável. Na década de 60 a escolaridade obrigatória eram 4 anos, agora são doze. Nos os anos 60 havia 24 mil estudantes no ensino superior, numa população de 8.5 milhões de pessoas. Mesmo nos anos oitenta, depois da abertura dos liceus e universidades, só 5% dos portugueses frequentava o ensino superior. Como é que se compara o ME (ensino não superior e superior) dos anos 60 com o de hoje? A comparação é ridícula.
No anos 60 e 70 até ao 25 de Abril, não havia SNS. Só em 1071 foi legalmente reconhecido o direito à saude a todos os cidadãos. O Estado, que tinha uma função supletiva, começou a ser responsável pela saúde dos cidadãos. De lá para cá triplicou o número de médicos, as especialidades, bem como os técnicos especializados de diagnóstico, etc. Na década de 60 éramos o país com pior desempenho ao nível da cobertura da população, comparativamente aos países que são agora da UE. Não havia dentistas, não havia farmacêuticos, enfermeiros eram 9.500 para toda a população. Havia 7000 médicos para toda a gente, agora há quase 59 mil. A taxa de mortalidade infantil era de 77,5, agora é de 2,4. Então isto faz-se sem pessoal, sem estruturas? Dantes é que era bom?
Não havia ministério do ambiente, nem havia questões ambientais. Nem muitos outros serviços que surgiram com a evolução das tecnologias. De maneira que este artigo não tem sentido nenhum. Aliás, o que apetece é perguntar a este senhor que se queixa da FP trabalhar mal, mas que fez toda a sua carreira na FF, o que fez nos anos todos em que foi dirigente de organismos, instituições e serviços? Quem põe os trabalhadores e organismos a funcionar ou a emperrar são as chefias com as suas decisões, competência, planos (ou falta deles), clientelismos, etc.
E são estes palermas que nos "dirigem".
ReplyDeletePortugal raramente teve dirigentes ou direcção.
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