A Estrela ardeu sete dias. Seriam mais de 70 anos para a salvar. Seriam mas não serão porque tal não vai acontecer, não é? Em 2017 morreram 120 pessoas. O que se fez depois? Nada. Rigorosamente nada. Afastados os holofotes, ficou o vazio, a dor e o abandono. E pronto. É também essa a morada final da serra mais pródiga de Portugal. Lutamos ou deixamos a Estrela passar?
— Joana Amaral Dias in DN
O que se fez foi forçar os proprietários a gastar umas centenas de euros nas chamadas limpezas, que, como se vê, são pouco menos que inúteis.
ReplyDeleteTanto quanto sei, o parque da serra é da responsabilidade directa do Estado por ser um parque natural.
ReplyDeleteSim, o Parque Natural é do Estado, o que torna mais acutilante o comentário do Sísifo: o dito não cuida minimamente daquilo que é seu, mas força proprietários ricos e pobres, alguns que não têm dinheiro nem como limpar os seus terrenos, a estoirar o pouco que têm numa medida popularucha e ineficaz.
ReplyDeleteNão sei se é popularucha ou apenas mal pensada, por pessoas que andam pelos gabinetes dos ministérios mas sabem pouco do que fazem.
ReplyDeleteVou dar-lhe dois exemplos:
ReplyDelete1.°) A limpeza em volta das habitações é inútil, porque, das que ardem, a maioria sofre as ignições através de projeções que "entram" pelo telhado.
2.°) O governo permite que as despesas com limpezas de matas sejam abatidas no IRS, desde que... as pessoas tenham contabilidade organizada.
3.°) Após o incêndio no Pinhal de Leiria, o Costa andou por lá, de rabo no ar, a plantar sobreiros, porqie a partir dali não se plantariam mais pinheiros porque são mais combustíveis do que os sobreiros. Se lá passar hohe, verá que os sobreiros morreram todos.
Nestas matérias, mandam os ecoparolochiques, isto é, PAN e BE.
A maior parte das pessoas tem terrenos que nem estradas tem para se chegar lá nem lá vão.
ReplyDeletePor exemplo, a família do meu pai eram pessoas que tinham terras no Ribatejo. Quando o meu avô morreu o meu pai e os irmãos herdaram as terras. Havia uma quinta grande onde era a casa dos avós e que tinha vinha e olival e outras coisas e depois havia terrenos pequenos de um ou dois hectares separados uns dos outros e enfiados no meio de terrenos de outros com nogueiras e vinha. As partilhas foram complicadas. Entretanto o meu pai morreu e ao fim de 30 anos os advogados resolveram as partilhas. Nós somos 7 irmãos e nenhum mora no campo. Ficámos com várias terras separadas, algumas enfiadas no meio de outros terrenos (para ter acesso tem que passar-se por terrenos de outros), que nem sabíamos onde eram e das quais nem sequer tínhamos escritura ou caderneta predial porque no campo toda a gente sabia onde começava a propriedade de fulano de tal e onde acabava. Foi difícil e surreal conseguir arranjar essas coisas. Arranjámos uma pessoa para tomar conta das terras que em contrapartida ficava com o produto que tirava delas. Casos como estes são aos milhares e na maioria dos casos as pessoas deixam as terras ao abandono porque não moram lá, não conhecem ninguém que vá lá, nem têm acesso, às vezes, aos seus próprios terrenos, etc.
A limpeza tem que ser organizada de outra maneira (fazer cooperativas para limpeza? não sei, não sou especialista), tem que resolver-se estes problemas das heranças, do abandono das terras e reverter a deserção dos campos.
São precisas soluções integradas e não isoladas.
Sei bem do que fala. Vivo perto da fronteira com a Espanha, mas sou natural do distrito de Viseu. A minha mãe tem lá uns terrenos, mas tem 92 anos e sofre de demência. Está num lar. A reforma dela é de sobrevivência. Perante este quadro, sou eu que tenho de me deslocar aos terrenos no mês de maio e limpar o máximo que posso. Comprei maquinaria para o efeito, porque no ano em que saiu a legislação contratei alguém que o fizesse. Paguei cerca de 1700 euros pelo serviço e foi apenas junto aos caminhos.
ReplyDeleteSe eu falecer, vão buscar a minha mãe ao lar ou multá-la? Tudo isto é de uma incompetência total. O combate aos fogos é outra coisa surreal. Este na Serra da Estrela extinguiu-se quando chegou às pedras e aos terrenos cultivados em Celorico da Beira. Começou às 3 da manhã e parou quando quis. A Proteção Civil está prenhe de "boys" socialistaa que não percebem nada de coisa nenhuma e se põem a comandar as operações a partir de Lisboa.